O Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul) está recolhendo amostras de água dos rios do Pantanal para avaliar possíveis impactos da seca e também dos incêndios ocorridos nesse ano. O projeto e os dados preliminares foram apresentados na última quinta-feira (5) durante a 4ª reunião da Sala de Crise do Pantanal, organizada pela Agência Nacional das Águas (ANA) e com participação de técnicos dos dois estados (MS e MT) e de diversos órgãos e instituições ligadas ao clima no país.
As equipes percorrem 24 pontos de monitoramento – que já fazem parte da Rede de Monitoramento operacionalizada pelo Imasul – antes, durante e continuarão por tempo ainda não estimado fazendo coletas das amostras, que são trazidas aos laboratórios e submetidas a análise.
As estações de monitoramento estão distribuídas nos rios Piquiri, Itiquira, Cuiabá, Paraguai, Nabileque, Branco e Apa, além do Canal do Tamengo. A primeira campanha ocorreu no período de 21 de setembro a 2 de outubro, com os técnicos percorrendo aproximadamente 1.200 quilômetros por via fluvial. A segunda aconteceu entre 20 de outubro a 5 de novembro.
“A partir da primeira campanha de amostragem, ocorrida ainda no período de estiagem (setembro e outubro), a avaliação feita a partir das análises e medições efetuadas indica que a qualidade das águas no rio Paraguai e afluentes ainda se apresentava preservada e dentro das características esperadas para essa época do ano”, explica a chefe da Unidade de Monitoramento do Imasul, bióloga Marcia Cristina de Alcântara.
Após a coleta, as amostras passam por análises laboratoriais que avaliam 22 parâmetros indicadores de qualidade da água. Ainda em campo, é feita a medição das vazões instantâneas em seis pontos selecionados e avaliação da qualidade das águas superficiais para esse trecho da planície pantaneira. Todos os dados são divulgação no site do Imasul e enviados para a ANA (Agência Nacional de Águas) para subsidiar o Programa Qualiágua (Programa Nacional de Qualidade das Águas).
Márcia Cristina diz que um dos objetivos desse trabalho é identificar alterações nos padrões da qualidade durante esse período de estiagem prolongada, comparando com os dados disponíveis na série histórica de monitoramento quali-quantitativo realizado rotineiramente pelo Imasul.
Resultados
“Os primeiros dados apontam para uma normalidade e são bastante coerentes com os dados do monitoramento nessa época do ano”, cita o relatório. “As concentrações de oxigênio dissolvido e pH estão em níveis normais, sem oferecer risco à vida aquática.” Com relação à segunda campanha, estão disponíveis apenas informações preliminares, pois as análises ainda estão em curso. Os primeiros dados comparativos entre a primeira e a segunda campanhas indicam para uma leve queda nos valores das concentrações de OD (oxigênio dissolvido) e um leve aumento nos valores do pH, mas ainda dentro dos padrões para a época do ano, de acordo com a série histórica.
Com relação à quantidade, conforme explica Francisco Gilvanci dos Santos, chefe da Unidade de Laboratórios, os dados de vazão instantânea medidos nos meses de setembro e outubro de 2020 (1ª campanha do estudo especifico) nas estações de monitoramento de Ladário e Porto Murtinho indicam que o volume de água nesses trechos do rio Paraguai diminuiu cerca de 40% em relação ao mesmo período de 2019. “Isso ocorre devido ao período de extrema estiagem que interfere na relação entre chuva e vazão, diminuindo o volume de escoamento”.
De acordo com o diretor presidente do Imasul, André Borges, “durante o mês de setembro vivenciamos recordes no número de focos de incêndios na Bacia do Alto Paraguai, num período de grave escassez de chuvas, quando as vazões dos cursos de água estão diminuindo rapidamente; por isso queremos acompanhar e verificar se esses dois fatores irão trazer consequências capazes de comprometer a qualidade da água em algum trecho desses rios”.
As campanhas irão se repetir com frequência mensal e a atenção, a partir de agora, estará voltada para monitorar possíveis impactos trazidos pelo início do período de chuvas na Região Hidrográfica do Paraguai. Os dados quali-quantitativos gerados serão gradualmente disponibilizados no site do Imasul para utilização pela comunidade em geral.
Rede de Monitoramento
O Programa de Monitoramento da Qualidade das Águas Superficiais de Mato Grosso do Sul (PMQA/MS) foi substancialmente ampliado nos últimos anos e já cobre todo território estadual. São 194 pontos de monitoramento da qualidade e 73 pontos de monitoramento da quantidade das águas, observando 22 parâmetros físicos, químicos e biológicos que avaliam desde a turbidez, nível de oxigenação, pH, e diversos outros. O Imasul utiliza o IQA CETESB (da Companhia de Águas de São Paulo) como índice para a avaliação da qualidade da água..
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