Terça-feira, Novembro 26, 2024
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‘Fakes’ ainda assustam indígenas e atrapalham imunização nas aldeias de Dourados

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Apesar do percentual elevado de adesão à vacinação contra a Covid-19, profissionais da saúde indígena que trabalham dentro das aldeias Jaguapiru e Bororó, em Dourados, ainda têm dificuldades em alcançar todo o público alvo por causa das ‘fake news’.
A vacinação dentro da reserva, iniciada em 20 de janeiro, já alcançou 61% desse público alvo, que é para pessoas a partir de 18 anos. No entanto, boatos sobre o imunizante ainda circulam em meio a comunidade indígena.
“Temos uma excelente adesão, mas ainda existem muitas pessoas nas aldeias que se negam a receber a vacina porque estão com um pouco de medo. Preferem esperar e ver se alguém vai ter uma reação estranha ou coisa do tipo. Isso acontece principalmente por causa dessas fake news, que infelizmente ainda atrapalham a campanha”, explicou Mariana Euzébio Januário, enfermeira que faz parte da equipe de coordenação técnica do Polo Base de Saúde Indígena.
Algumas das ‘fake news’ que circulam sobre o imunizante contra a Covid-19 envolvem a já conhecida história sobre a vacina transformar pessoas em jacaré, ser uma arma biológica para exterminar a população indígena, transformar em ‘zumbi’, ser usada para implantar um chip para controle mental ou até mesmo promover mudanças de sexo.
“São histórias que correm e que acabam atrapalhando bastante, então temos feito campanhas de conscientização e contado com a ajuda de lideranças para romper essa barreira”, apontou Mariana.
Dourados News esteve ontem (25) em alguns postos de saúde da reserva. Sérgio Araújo, de 45 anos, aguardava em um posto da aldeia Bororó para receber a segunda dose de Coronavac.
“Eu tenho medo é da doença e não da vacina. A gente vê na cidade muita gente doente e morrendo e fica com medo. É importante sim tomar”, disse o indígena kaiowá. Ele contou ainda para a reportagem que todos de sua família foram imunizados.
Na aldeia Jaguapiru, encontramos Reginaldo Ortiz, de 27 anos. Ele, que também aguardava para receber a segunda dose da vacina, contou que o filho o alertou sobre ‘virar zumbi’.
“Quando eu disse que estava vindo no posto para tomar a vacina ele disse para eu tomar cuidado para não virar zumbi. Eu dei risada. Ainda acontecem essas conversas aqui na aldeia, mas a gente tem que ter medo da doença. Não tem nada a ver essas histórias”, ressaltou Ortiz.
A prioridade para o recebimento de doses de vacina também é um fator que acabou gerando desconfiança na comunidade. Das 14.894 doses de Coronavac recebidas pela Secretaria Municipal de Saúde em 19 de janeiro, 11.600 foram destinadas à população indígena.
A estimativa é de que a cobertura vacinal nas aldeias Jaguapiru e Bororó alcance um total de 10.382 pessoas. Até ontem (25), 6.636 indígenas tinham sido vacinados, conforme dados do Polo Base de Saúde Indígena de Dourados.
 
 
Fonte: Dourados News
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