Destaques da NASA: fotos astronômicas da semana (05/03 a 11/03/2022)
As imagens destacadas pelos astrônomos da NASA nesta semana levam você a um passeio por diferentes objetos e fenômenos — e você pode começar esta viagem conferindo um registro produzido na Itália, do que aparenta ser um arco-íris “invertido”; mas não se engane, pois se trata de um arco circunzenital. Outras fotos te mostram o Sol e a Lua de um jeito diferente: o primeiro foi registrado na luz ultravioleta, e o segundo aparece com as cores invertidas, ficando bem diferente do que estamos acostumados a ver no céu.
Uma das nebulosas mais conhecidas também “deu as caras” neste compilado, aparecendo acompanhada de uma formação que parece até lembrar a juba de um leão — o que é, na verdade, é fruto de um truque do nosso cérebro. Por fim, aproveite para conferir um registro do primeiro cometa interestelar que conhecemos e de um dos aglomerados estelares mais brilhantes da Via Láctea.
Em 2019, o astrônomo amador Gennady Borisov descobriu o que viria a ser o primeiro cometa interestelar (ou seja, vindo de outro sistema estelar) que conhecemos. Trata-se do cometa 2I Borisov, que aparece acima em duas imagens registradas pelo telescópio espacial Hubble, entre novembro e dezembro de 2019.
Na imagem da esquerda, vemos o 2I/Borisov acompanhado de uma galáxia difusa, que acabou com essa aparência porque o telescópio Hubble estava acompanhando o movimento do cometa e de sua cauda, a cerca de 327 milhões de quilômetros da Terra. Já na direita, o 2I/Borisov foi registrado um pouco após passar pelo ponto de maior proximidade com o Sol (periélio).
As estimativas apontam que o núcleo do cometa tem cerca de 975 m de extensão, e que é formado por pedacinhos de gelo e poeira. Observações conduzidas pelo Observatório Europeu do Sul (ESO) sugerem que o cometa talvez nunca tivesse chegado tão perto de outra estrela quanto aconteceu em sua maior aproximação do Sol, ocorrida em dezembro de 2019.
Que tal observar Vênus e o Sol de uma forma diferente? Nesta foto do trânsito de Vênus pelo nosso astro, ocorrido em 2012, vemos um eclipse solar diferente: ao invés da Lua, quem passou em frente ao disco solar (da nossa perspectiva na Terra) foi Vênus, cuja silhueta aparece na parte superior da imagem — e, tecnicamente, também podemos considerar que ocorreu um eclipse anular, com um grande “anel” representado pelo Sol ao fundo.
Caso você esteja intrigado pelas cores e formas da nossa estrela, saiba que elas aparecem assim porque a imagem foi obtida em três diferentes cores da luz ultravioleta, captadas pelo observatório Solar Dynamics. Perceba que há proeminências e arcos de gases a altíssimas temperaturas subindo pela coroa solar (a atmosfera superior do astro), com temperaturas acima dos 5.500 ºC da superfície do Sol.
Então, por serem extremamente quentes, estes gases brilham em “cores” da luz ultravioleta, ao invés da luz branca com a qual estamos acostumados. Por fim, na parte direita do Sol, vemos uma região escura; ali está o que chamamos de “buraco coronal”; trata-se de uma região de baixa densidade que se estende para cima da superfície do Sol, onde o campo magnético solar é aberto livremente para o espaço interplanetário.
Através de uma exposição profunda, o astrofotógrafo conseguiu capturar várias cores e formas ao redor da Nebulosa Cabeça de Cavalo (Barnard 33). Considerada um dos objetos astronômicos mais conhecidos graças à sua forma, que lembra a cabeça do animal, esta é uma pequena nebulosa escura na constelação de Órion, a aproximadamente 1.375 anos-luz da Terra.
Para destacar os detalhes dos arredores da nebulosa, o astrofotógrafo fez uma exposição de 20 horas, e produziu combinações da luz observada para representar artisticamente o hidrogênio (em laranja), o oxigênio (em azul) e o enxofre (em verde). O resultado é este espetáculo de filamentos de poeira esculpidos por ventos estelares e antigas supernovas, repletos de cores e detalhes.
Se você observar a parte superior da imagem, encontrará algo que pode parecer familiar: acima do “cavalo”, parece estar a cabeça de um leão em tons alaranjados — o que é simplesmente o resultado da pareidolia, a tendência humana de identificar formas reconhecíveis em padrões abstratos. Já à esquerda da Cabeça de Cavalo, está a Nebulosa das Chamas.
Sim, esta é a nossa Lua, mas ela está diferente. Aqui, nosso satélite natural aparece com cores invertidas: os valores dos pixels correspondentes às áreas claras e escuras foram traduzidos para mostrar cores inversas. Só que esta foto era colorida originalmente, e as cores foram digitalmente exageradas antes da edição que as deixou invertidas.
Como resultado da edição, algumas formações da Lua aparecem de novas formas. Por exemplo, repare na cratera Tycho, uma formação com 85 km de diâmetro que domina o hemisfério sul lunar: o sistema de raios distintos ao redor dela chama a atenção pela cor clara, mas aqui, eles aparecem em tons escuros. Já os mares lunares e suas planícies de basalto, normalmente escuras, aparecem em cores claras aqui.
Historicamente, as imagens astronômicas gravadas em placas fotográficas eram examinadas diretamente em negativos, com cores invertidas. A vantagem deste método é que o contraste ajudava na identificação de detalhes que, normalmente, seriam difíceis de serem vistos pelos olhos humanos.
Esta foto foi feita pelo rover Curiosity, e mostra um objeto curioso na superfície de Marte, com apenas 1 cm de comprimento. Apesar de ter formato que lembra o de uma flor ou, quem sabe, algum ser vivo, a equipe da missão confirmou que se trata de uma estrutura mineral. As estruturas delicadas dela, que parecem se ramificar para fora, são formadas por minerais se precipitando na água.
Abigail Fraeman, vice-cientista de projeto do Curiosity, explicou que as concreções, o nome dado a estas formações, já foram vistas antes — e, nestes casos, elas eram sulfatos, compostas por sais. Estudos sobre outras estruturas do tipo mostraram que, provavelmente, esta aqui estava presa em rochas, mas foi liberada com o tempo devido à erosão.
A pequena rocha acabou conhecida pelo apelido “Blackthorn Salt”, e tem algumas similaridades com outras do tipo já encontradas no Planeta Vermelho em outros momentos. De qualquer forma, os cientistas vão continuar estudando os dados e imagens destas rochas curiosas presentes em Marte, para descobrir mais sobre elas.
As milhares de estrelas presentes na imagem acima fazem parte de 47 Tucanae, um belíssimo aglomerado estelar. Também conhecido como “NGC 104”, este aglomerado fica a aproximadamente 13 mil anos-luz de nós e pode até ser observado a olho nu — basta procurá-lo na direção da constelação de Toucan, próximo da Pequena Nuvem de Magalhães.
Composto por aproximadamente 10 mil estrelas, este é o segundo maior e mais brilhante aglomerado estelar globular que conhecemos, ficando atrás somente de Omega Centauri (ou NGC 5139). As estrelas que o formam estão espalhadas por um volume de aproximadamente 120 anos-luz de extensão, e cobrem uma área no céu com diâmetro aparente parecido com o da Lua cheia.
Se você observar as partes mais externas do aglomerado, encontrará algumas estrelas com brilho amarelado. Elas são gigantes vermelhas, classificação dada a estrelas que esgotaram as reservas de hidrogênio em seus núcleos e, assim, começaram a realizar a fusão termonuclear do elemento no envelope envolvendo o núcleo. Além disso, o aglomerado abriga uma estrela orbitando um buraco negro, sendo a mais próxima conhecida com órbita deste tipo.
Este arco circunzenital apareceu no céu de Ragusa, uma província na Sicília. Também conhecidos como “sorrisos de arco-íris” em função do formato curvo que possuem, os arcos circunzenitais são formados pela refração da luz solar em pequenos cristais de gelo com formato hexagonal, formados em nuvens de alta altitude.
Enquanto estes arcos são formados pela luz solar refratada nos cristais de gelo, os arco-íris vêm de um processo diferente. Neles, a luz do Sol atravessa uma gota d’água que funciona como um prisma, separando a luz em vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, anil e violeta, os comprimentos de onda (ou cores) que formam a luz solar.
Os arcos circunzenitais são fenômenos relativamente comuns, mas precisam de algumas condições especiais para ocorrerem: para a luz ser refratada corretamente nos cristais e formar o tal arco — ou, se preferir, o “sorriso” —, o Sol precisa estar a mais de 5º, mas a menos de 32º em relação ao horizonte. Além disso, o ar precisa estar relativamente parado, sem turbulências, para as partículas se manterem na orientação necessária para o fenômeno acontecer.
Fonte: APOD
Fonte: Canaltech
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