Por que fones de ouvido têm R e L? O que acontece se inverter a posição?
Se você é da turma que utiliza fones de ouvido no seu dia-a-dia, já deve ter notado a marcação “L” e “R” presente na maioria dos aparelhos do gênero. Significando left e right respectivamente, ou seja, esquerda e direita, do inglês, é uma forma de informar o lado correto para cada ouvido. Mas o quanto isso impacta na sua experiência? Será que dá pra se descuidar e inverter o lado dos fones sem problemas?
A resposta, bem… depende. Caso o som que você esteja ouvindo seja mono, ou seja, de apenas um canal, a diferença é nula, já que a captação monofônica faz com que a reprodução seja a mesma em qualquer dos lados. Já para som stereo (também chamado de estéreo, em português), a coisa muda de figura: nesse caso, tanto a captação quanto a reprodução vem em pares, e então se torna importante selecionar o lado certo para os fones.
Toda a captação sonora do som estéreo é feita pensando na experiência de quem irá ouvi-lo no futuro, procurando trazer a experiência mais fiel possível ao ouvinte. Se você está em um concerto ao vivo, por exemplo, vai notar a distância do vocalista para o guitarrista através do som, o que dá, entre outras coisas, uma noção espacial do local. Ao captar os sons dos instrumentos em canais diferentes, é possível simular essa sensação no momento da reprodução.
E há uma explicação científica do porquê da diferença ao utilizar fones corretamente. A velocidade do som é baixa — 330 metros por segundo — então seu cérebro nota a diferença do som chegando a cada um dos ouvidos. Isso se chama Diferença Interaural, e nossos ouvidos conseguem notar diferenças de até 10 microssegundos. Se alguém à sua esquerda falar com você, seu cérebro vai saber que a pessoa está daquele lado pela demora maior do som em chegar àquele ouvido.
Esse efeito é levado em conta pelos produtores musicais e engenheiros de som na hora de criar a experiência de som que você vai ouvir nos seus fones. E não vale só para música, viu? Grande parte do que você ouve é parte de uma obra maior, como um filme, um show ao vivo ou um jogo de videogame, por exemplo.
Na hora de assistir a um filme, o som da entrada de objetos e pessoas em cena obedece ao lado pelo qual surgem. Imagine ver alguém aparecer na esquerda da tela e ouvir a pessoa falando no seu fone direito? Ou ouvir o assassino de um filme de terror chegando pela frente quando deveria estar atrás de você?
Programas de TV mais simples, como talk shows, também podem ter sua experiência atrapalhada pelo uso incorreto de fones. Entrevistado e entrevistador com suas vozes saindo em canais errados podem dar a impressão errada de quem está de cada lado e criar uma dissonância cognitiva, confundindo o telespectador. Para não falar dos gamers de plantão, que muitas vezes precisam saber o lado pelo qual os inimigos estão chegando.
A mesma sensação que os vídeos e áudios ASMR (Autonomous Sensory Meridian Response) tentam passar através dos fones também seria prejudicada caso você desrespeitasse a posição das conchas ou buds da direita e da esquerda. Afinal de contas, as pessoas que gravam esses conteúdos captam, cuidadosamente, o som de ações do dia a dia com dois ou até mais microfones, posicionados para “traduzir” o áudio gravado em algo bem realista, como se estivesse ao redor da cabeça do ouvinte na vida real — algo como uma experiência sensorial-espacial.
Por isso, acostume-se sempre a checar qual é o lado correto para utilizar seus fones de ouvido — caso a marcação esteja apagada ou mesmo não exista, uma dica é colar uma fitinha de cada cor nos lados respectivos e memorizar o lado que cada uma representa.
Fonte: Science Focus; Mundo da Música
Fonte: Canaltech
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