Explosão de estrela rara surpreende astrônomos ao emitir raios gama
Uma estrela binária rara, que explode repetidamente, também está gerando a forma de luz mais energética do universo — os raios gama. A conclusão veio após a análise de uma erupção do sistema RS Ophiuchi, que revelou uma onda de choque atuando como um acelerador de partículas que gera radiação gama.
A última explosão de nova no sistema RS Ophiuchi aconteceu ano passado, e foi até mesmo visível a olho nu. As estrelas binárias ficam a 4.566 anos-luz de nós, na constelação de Ophiuchus, o Serpentário, e estão separadas entre si por cerca de 1 unidade astronômica (a distância média entre a Terra e o Sol).
O sistema é formado por uma anã branca e uma gigante vermelha, e a cada 15 anos (ou mais) ocorre um evento de explosão de nova graças ao vampirismo estelar. Trata-se de quando uma anã branca rouba o material de sua companheira gigante vermelha até ter material o suficiente para desencadear uma reação termonuclear.
Quando isso acontece, o excesso de material da anã branca é expelindo violentamente para o espaço, à velocidade de 2.600 km/s. Porém, no caminho, parte dele se encontra com o vento estelar da gigante vermelha. Nisso, os prótons são acelerados em energias muito altas e colidem uns com os outros para produzir fótons de raios gama.
Essa descoberta não era exatamente prevista pelos astrônomos. Ela sugere que os raios gama podem ser gerados em condições menos extremas do que se pensava anteriormente. Por outro lado, pode ser que explosões maiores, como supernovas, sejam aceleradores de partículas ainda mais incríveis, produtores de raios cósmicos com energias superiores a um quatrilhão de elétron-volts.
De acordo com o astrofísico teórico Dmitry Khangulyan, da Universidade Rikkyo, em Tóquio, “esta é a primeira vez que conseguimos realizar observações como essa, e isso permitirá obter insights futuros ainda mais precisos sobre como funcionam as explosões cósmicas”. Como exemplo, ele cita que os astrônomos poderão eventualmente descobrir “que as novas contribuem para o sempre presente mar de raios cósmicos e, portanto, têm um efeito considerável na dinâmica de seus arredores imediatos”.
A pesquisa foi publicada na revista Science.
Fonte: Science, DESY; via: ScienceAlert
Fonte: Canaltech
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