Quando a transmissão do HIV é mais virulenta?
Pesquisadores indianos observaram se formas mais virulentas do HIV podem ser transmitidas dependendo da maneira como a pessoa é infectada. De forma preliminar, a equipe concluiu que as cepas do vírus da Aids, transmitidas através do sexo vaginal, são mais infecciosas que aquelas transmitidas pelo sexo anal. A ideia é que pequenas variações existem no vírus, formadas pelo grupo de pessoas que o transmite e contraem. Seria o tipo de “cepa do sexo vaginal”, mas o pensamento não é consenso entre cientistas.
Publicado na revista científica PLOS Pathogens, o estudo foi desenvolvido pelos cientistas Ananthu James e Narendra Dixit, ambos do Instituto de Ciência da Índia. No total, foram analisados dados de saúde de 340 mil pessoas que convivem com o HIV no mundo.
A hipótese sobre o maior risco de contrair uma cepa mais virulenta do HIV pelo sexo vaginal que o anal surgiu após a comparação da concentração das células T CD4+ (um tipo de glóbulos brancos, parte do sistema de defesa). Durante a infecção, elas costumam ser invadidas pelo HIV. Quando a pessoa está infectada, a tendência é que a taxa de T CD4+ caia no organismo.
“A redução na contagem de células CD4+ no início da infecção foi substancialmente maior em HET [héteros, que praticam o sexo vaginal] do que em MSM [homens que fazem sexo com homens, um grupo composto principalmente por gays e bissexuais]”, detalham os autores do estudo.
O resultado é que são encontradas “cepas T/F [transmitidas] mais virulentas em HET do que em MSM”, explicam. Dessa forma, “diferentes modos de transmissão do HIV de um indivíduo para outro podem exercer diferentes gargalos no vírus”, sugerem os autores sobre a possibilidade de evolução diferente entre elas.
Segundo os cientistas, “como os diferentes grupos de risco tendem a usar diferentes modos de transmissão predominantes, é possível que as cepas do HIV-1, diretamente afetadas pelos gargalos, possam ter evoluído de forma diferente nos grupos. Essas descobertas têm implicações para nossa compreensão da patogênese, evolução e epidemiologia do HIV-1”.
Como é possível observar no estudo, os pesquisadores indianos investigaram, especificamente, o HIV-1 (retrovírus humano tipo 1). Inclusive, é este é o mais comum e tende a ser reconhecido como o principal responsável pela epidemia global da Aids.
Enquanto isso, o HIV-2 representa um outro retrovírus associado à Aids. Ele tende a ser mais frequente em países da África Ocidental, como Guiné Bissau, Gâmbia, Costa do Marfim e Senegal, segundo o Instituto Oswaldo Cruz (IOC). “Em relação ao HIV-1, a infecção pelo tipo 2 difere por ter uma evolução mais lenta para os quadros clínicos relacionados”, detalha.
Fonte: PLOS Pathogens e IOC
Fonte: Canaltech
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