Boeing 737-800: mesmo modelo de avião que caiu na China passou por grave incidente na Itália; relembre
Conforme noticiado mais cedo pelo Olhar Digital, um avião Boeing 737-800 da China Eastern Airlines com 132 passageiros a bordo caiu em uma área montanhosa da província de Guangxi, na região sul do país, nesta segunda-feira (21). A aeronave pegou fogo no local e o motivo do acidente ainda está sendo investigado.
Em novembro de 2021, um avião da Ryanair, também do modelo Boeing 737-800, que voava de Londres, na Inglaterra, para Bolonha, na Itália, colidiu com um bando de aves instantes antes de pousar. Como resultado, além do para-brisa do avião ter ficado assustadoramente coberto de sangue, penas e vísceras, algumas aves foram sugadas pelo motor direito, que imediatamente começou a soltar fogo.
No vídeo acima, é possível ver as chamas do provocadas pelo choque.
A aeronave estava se aproximando da pista do aeroporto Marconi de Bolonha, na região de Emilia-Romagna, por volta das 23h30 (horário local) do dia 24 de novembro, quando atingiu os pássaros. Devido ao choque de alguns deles contra o para-brisa, respingando sangue e penas mutiladas pelo nariz da aeronave, a visão da tripulação da cabine foi prejudicada.
Felizmente, os pilotos conseguiram fazer o avião pousar com segurança, e ninguém a bordo do voo FR1194 ficou ferido.
Uma inspeção feita pela Ryanair no veículo revelou que o motor direito foi severamente danificado pelo breve incêndio provocado pelo acidente. Em menor quantidade, algumas aves também foram sugadas pelo motor esquerdo, que não sofreu consequências tão graves.
Fotos tiradas pela equipe de inspeção mostram pedaços de pássaros obstruindo as turbinas do motor, além de penas e carcaças grudadas na fuselagem da aeronave. Funcionários da companhia aérea fizeram a limpeza do avião, arrancando as aves mutiladas entre as lâminas da turbina e removendo os detritos das maçanetas das portas, das asas e do para-brisa.
Colisões de aves em aeronaves são surpreendentemente comuns e, embora 65% dos choques não resultem em danos graves aos veículos, segundo um estudo do Reino Unido, eles são um risco considerável para a segurança de voo – e, na maioria das vezes, por razões óbvias, letais para os animais envolvidos.
De acordo com a Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos (FAA), houve um total de 16 mil batidas em animais selvagens em 2018 – o que equivale a chocantes 40 casos por dia.
Muitos aeroportos ao redor do mundo começaram a remover lagoas e pastagens em seus arredores e substituí-los por cascalho ou asfalto, na tentativa de evitar incidentes relacionados à vida selvagem.
No entanto, em áreas como Emilia-Romagna, que são densamente povoadas por vida selvagem na paisagem circundante, o perigo é constante.
O risco para a vida humana representado por colisões com pássaros é muito baixo. De acordo com o Comitê Internacional de Choques contra Aves (IBSC, na sigla em inglês), estima-se que, para cada um bilhão de horas de voo, haja apenas um acidente com pássaros resultando em mortes humanas.
O Olhar Digital conversou com o piloto Fernando Colantuono, instrutor de aviões e helicópteros e de CRM, sobre eventos desse tipo. Autor do livro “Pane – Inteligência Aérea: O Sucesso da sua operação depende das suas decisões” e administrador da página Inteligência Aérea, ele contou já ter passado pela mesma situação.
“Colisões com aves são muito mais comuns do que se imagina. Eu mesmo já tive três eventos desse como piloto, sendo que dois deles eu só fui descobrir no solo, ao ser comunicado pelo mecânico da empresa, que fez a inspeção visual externa do avião e viu restos de aves na fuselagem”, relatou. “No outro caso, foi uma aproximação noturna em Manaus. Ouvimos uma pancada muito forte e, automaticamente, começamos a tentar entender o que tinha acontecido. Até que um de nós viu a marca dos restos do pássaro do lado direito do para-brisa. Nos três casos, os aviões foram avaliados e liberados em seguida para continuar em operação.”
Entre 2011 e 2020, o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA) registrou 9801 reportes de colisão com pássaros. Das 20 ocorrências investigadas pelo CENIPA no período, oito foram classificadas como incidente grave e 12 como acidente.
Segundo Colantuono, os efeitos nos voos foram, em sua maioria, decolagem abortada, quando o piloto inicia a corrida na pista e decide cancelar a decolagem. “Também tiveram casos de pousos de precaução, que é quando se decide voltar ao aeródromo de origem ou pousar em algum aeródromo de alternativa ao longo da rota para avaliação dos danos”, disse o piloto, ressaltando que, embora o choque com aves seja o tipo mais comum de colisão com fauna, há também casos de colisão com mamíferos, répteis, morcegos e outros animais não identificados.
O evento com o avião da Ryanair aconteceu à noite, mas os horários mais comuns dessas ocorrências são entre 9 e 17h. Colantuono explica que, normalmente, os choques acontecem nas fases do voo em que o avião está mais próximo ao solo, abaixo de 3.500 pés (1.000 metros), sendo 26.9% das vezes na decolagem e 33% no pouso.
“Nesses casos, os danos e prejuízos são normalmente pequenos, mas há colisões a grandes altitudes com aves maiores que são mais preocupantes”, afirma o aviador. “Outro fator importante é a quantidade de aves que colidem com a aeronave. Grandes bandos de pássaros podem até derrubar um avião, mas casos assim são raros de acontecer”.
Segundo Colantuono, o acidente mais famoso envolvendo colisão com aves foi com o voo 1549 da US Airways, em 2009. “Um bando de gansos canadenses colidiram com um Airbus A320, causando a parada dos dois motores minutos após a decolagem. Os pilotos executaram um pouso forçado bem sucedido no Rio Hudson e todos a bordo se salvaram”.
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Fonte: Olhar Digital
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