Quem inova vale mais
O reconhecimento de uma empresa como inovadora traduz-se em valor. É estratégico, portanto, trabalhar na construção dessa imagem
Todo ano, a cada vez que se aproxima um novo ciclo de premiação à inovação, um conjunto restrito de empresas se debruça sobre os regulamentos e se empenha ao máximo para mostrar suas melhores facetas no quesito inovação. Elas não fazem isso por marketing ou por vaidade. Buscam, de maneira consciente e sistemática, ranquear-se entre as mais inovadoras porque sabem que esse esforço acabará influenciando a determinação de seu valor.
O conceito de ganhos associados à imagem de empresa inovadora é relativamente novo e vem ganhando cada vez mais força. O Crédit Suisse, um dos grandes bancos da Europa, publicou estudos mostrando o aumento do valor das ações de empresas que se destacaram pela inovação. Comparou o preço dos papéis de companhias concorrentes ao longo do tempo, parte delas reconhecidas como inovadoras, parte não, e mostrou que as inovadoras valem mais. Atribuiu a esse acréscimo de valor o nome de Innovation Premium. É possível afirmar que o mesmo raciocínio se aplica a empresas que não tenham ações negociadas em bolsas.
Isso explicaria, por exemplo, a supervalorização das ações da Magazine Luiza frente a competidores com fundamentos melhores e lucros maiores. Houve um momento em que as ações da Magalu chegaram a valer o dobro dos papéis da Via Varejo, mesmo a Magalu lucrando a metade.
Além disso, empresas inovadoras atraem e retêm os melhores talentos. São capazes de assegurar margens crescentes derivadas do lançamento de produtos e serviços inovadores e são amadas por clientes, pelas start-ups, por parceiros e pela sociedade de maneira geral. Afinal, são elas os motores do desenvolvimento econômico.
Se a característica inovadora faz o ponteiro do valor de uma companhia mover-se para o alto, a questão ganha contornos estratégicos, e deveria ter o máximo de atenção e engajamento da alta liderança.
Mas o que faz com que uma empresa seja inovadora? É suficiente criar novos produtos e serviços de maneira sistemática? A resposta é não. Para ser reconhecida, uma empresa tem que mostrar-se inovadora. Em outras palavras: tem que estar presente no ecossistema correspondente, cooperando ativamente, comunicar suas inovações e, por fim, estar ranqueada no topo nos prêmios sobre o tema. No que se refere aos prêmios, precisa comprovar uma gestão da inovação robusta e auditável. No Brasil temos as premiações da agência Finep, do jornal Valor Econômico e o Prêmio Nacional de Inovação da CNI (Confederação Nacional da Indústria), entre outros. Todos prestigiosos e estruturados por especialistas que levam em conta a intenção, os esforços e os resultados.
Um artigo de Scott D. Anthony publicado na Harvard Business Review traz uma abordagem mais financista à importância da inovação. Segundo o autor, é possível calcular o retorno sobre a inovação como uma espécie de ROII, sigla inglesa para Retorno sobre o Investimento em Inovação. O caminho seria estabelecer e medir indicadores como a magnitude da inovação (contribuição financeira dividida pelo número de ideias bem-sucedidas), a taxa de sucesso da inovação (ideias bem-sucedidas divididas pelo total de ideias exploradas), ou até mesmo a eficiência do investimento em inovação (ideias exploradas divididas por capital total e investimento operacional). Por meio de números fica mais fácil convencer os céticos da tese de que ser e parecer inovadora faz uma empresa valer mais.
Uma vez que seja ponto pacífico, é hora de arregaçar as mangas e trabalhar para obter esse reconhecimento. Afinal, construir valor é um dos principais focos de muitas companhias e de seus gestores.
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Fonte: Olhar Digital
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