Sexta-feira, Novembro 22, 2024
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‘Demorei entender isso’, diz subsecretária cega que abriu mão do noivado e de ter um filho

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‘Demorei entender isso’, diz subsecretária cega que abriu mão do noivado e de ter um filho A educação era o único caminho para sustentar sua missão

Telma Nantes de Matos, de 55 anos, é uma das lideranças ativistas da causa das pessoas com deficiência visual de maior destaque em Mato Grosso do Sul e no Brasil. Moradora de Campo Grande, ela ocupa, atualmente, o cargo de Subsecretária de Políticas Públicas para Pessoas com Deficiência, subordinada à Secretaria de Estado de Cidadania e Cultura (SECIC). 

Em entrevista exclusiva ao MS Notícias, Telma revelou que devido a “precariedade do acesso à informação”, sua família sofreu muito quando descobriram que ela era um pessoa deficiente. “Comecei a notar a baixa visão aos 5 anos, quando meu primo mostrou uma planta numa chácara onde morávamos em Nova Andradina. Eu não conseguia exergar ele me mostrando um planta, por isso, ele teve que se aproximar bastante… Aí ele falou para minha mãe: tia, a Telminha não enxerga bem! Foi a primeira vez que eu ouvi alguém falar que eu não enxergava”, lembrou ela que, na época, desenvolvia o quadro de baixa visão. 

Dois anos mais tarde, Telma ingressou na escola em Nova Andradina. “Eu fui para escola aos 7 anos. Meus pais e avós começaram a me presentear com lápis de cor. Só que, o que eu pintava, ficava tudo borrado. Por isso, só aí a minha família começou a perceber que eu tinha pouca visão. Eles começaram a me levar ao médico, mas todos disseram que meu quadro era irreversível, que tinha uma mácula na retina. Uma das imagens claras que me lembro é do meu pai com os olhos cheios de água no consultório. Aquilo foi um choque, eu fiquei desesperada”, narrou.  

Diante da resposta médica, Telma começava a entender que o seu quadro não seria revertido com uso de óculos de grau. “Eu me lembro de falar para a minha vó que eu tinha um problema na visão que era irreversível. Óculos não irá resolver! Eu ainda era criança, mas eu sentia isso”, comentou.

Logo, os pais foram orientados a mudar Telma de escola. “Minha mãe não queria tirar eu da escola, só que ela contou o que os professores disseram. Então, nós fomos morar na zona rural e meu pai decidiu que eu não iria estudar mais, porque ele não sabia o que fazer! Eu fiquei um ano sem estudar. No outro ano os professores vinham dar aula perto de casa, numa carvoaria. Pedi a minha bisavó e ela ajudou a convencer meu pai de colocar eu na escola rural. Eu estudei com muita dificuldade até o 2º ano do ensino médio, aí depois parei e fui trabalhar no comércio da família”, disse.  

Segundo Telma, a perda total da sua visão foi gradativa. Desde que parou de estudar destinou seu tempo e mão de obra ao comércio da família, que não exigia muito de sua visão, mas em 1994, aos 26 anos, ela notou uma mudança. “Eu não conseguia mais olhar para nada, nem igual antes, daí foi quando eu me isolei. Fiquei mais de um ano no mato [chácara]. Fiquei revoltada, meus pais não sabiam como me ajudar e eu também não compreendia”, contou. 

A família teve dificuldade de entender que não havia reversão do quadro. “De macumbeiro até médico top, dos mais sofisticados em Campinas, eu fui. Era benzimento (risos), buscava em tudo, em meditação, em psicologia, na religião… Até que uma vez em Campinas o médico conversou mais sério com meu pai, porque a minha mãe era mais consciente, mas meu pai não aceitava de jeito nenhum, ficava procurando um jeito. No consultório, o médico de São Paulo reforçou que não tinha mais o que fazer, era irreversível mesmo”.  

Diante disso, Telma  foi morar em Campo Grande (MS). Pouco depis de chegar na Capital sul-mato-grossense, começou a pesquisar se havia uma solução para diminuir sua dependência dos outros. Foi quando ela descobriu a existência do Instituto Sul Mato-grossense para Cegos Florivaldo Vargas (ISMAC). Na época, Telma pediu a tia que a levasse até o Instituto, a tia, no entanto, disse para ela que não era o certo a se fazer. “Não quis me levar. Daí minha irmã veio do interior e eu falei para ela me levar em tal lugar [mas não falou onde ela era]. Aí, quando chegamos lá, ela viu e disse: meu Deus, você vai no Instituto? Eu falei que sim!”, reviveu. A essa altura, Telma já havia telefonado e agendado para que alguém a atendesse no local.  

Na recepção do Ismac, Telma encontrou um vizinho a quem pediu que confortasse a sua irmã. “Eu entrei e encontrei o Aldo, meu vizinho. Eu falei para ele: Aldo, eu vim para o Ismac, porque eu não estou enxergando nada, sabia? Ele disse que sabia (gargalhadas). Aí eu pedi para que ele confortasse a minha irmã na recepção, que eu iria falar com a Assistente Social”.

No Ismac, ela aprendeu a conviver com a deficiência. “No processo de reabilitação, você aprende a conviver com a deficiência. Você aprende as técnicas das atividades da vida diária, técnicas de mobilidade com uso da bengala, aprende o sistema braille, aprende a fazer uso das tecnologias […] Só que comigo foi um relâmpago, eu imediatamente comecei a aprender braille, imediatamente arranjei uma bengala emprestada e comecei a sair sem alguém acompanhando. De repente, o diretor da Instituição chamou minha atenção, perguntando: quem te liberou? Porque, tem um regime da Instituição, que enquanto não liberarem você, não pode sair sozinho”, recordou.

Diante de sua boa performance na reabilitação, Telma lamentou ter perdido tanto tempo para a desinformação. “Eu perdi muito tempo da minha vida não fazendo o processo de reabilitação antes. Abri mão de muitas coisas na minha vida! Abri mão de noivado, com medo da minha cegueira atrapalhar o relacionamento, de ter um casamento frustrante. Desisti de ter filho, porque os médicos diziam que havia grande possibilidade de nascer com a deficiência. Logicamente que hoje eu mudaria de ideia e abri mão de uma vida profissional, que eu poderia ter começado bem antes”, enumerou. 

Para a subsecretária, a ausência de informação que atingiu ela e seus familiares é uma das grandes lutas à frente da pasta. “Eu acredito assim, que as pessoas precisam de orientação, encaminhamento. As pessoas não podem enterde a deficiência como o fim. A deficiência é uma nova realidade. Então, quando a pessoa percebe a deficiência como uma nova realidade, ela nota que não é um limite e sim um obstáculo, que se você aprender a lidar, consegue superar… aí é quando a gente compreende que pode enxergar a vida de outras diversas maneiras. Isso acontece com pessoas de todas as deficiências. A gente não pode ter um conflito com a deficiência. É isso que a gente vem fortalecendo nas nossas políticas públicas. Garantir que o direito à reabilitação para pessoas com deficiência seja expandido”, definiu.  

SEGUINDO A VIDA

Após um ano no Ismac, Telma estava completamente preparada para dar continuidade a sua vida. O período dela na instituição foi marcado por bons resultados. 

Em agosto de 1998 ela foi até Santa Catarina. “Fui encaminhada pelo ISMAC para esse curso em Santa Catarina. Eu fiquei um mês lá. Foi o professor Adilson Ventura que quando eu cheguei, ele nos acolheu e falou assim: Telma, você tem todo perfil de uma mulher que precisa trabalhar muito nesse Brasil e nós precisamos de mulheres”, aconselhou.

“Eu me senti fortalecida a partir do evento. A ideia do encontro era promover a formação de lideranças jovens com deficiência visual. Naquele momento, nós nos encontramos com as pessoas ícones no Brasil, que falavam sobre a luta e a defesa dos direitos das pessoas com deficiência”, esclareceu.     

Telma retornou à Campo Grande com um novo estímulo. “Voltei convicta que eu iria atuar na defesa dos direitos de pessoas com deficiência, não somente de pessoas deficientes visuais, mas de todas as pessoas com deficiência”.  

CONTINUIDADE NOS ESTUDOS

A educação era o único caminho para sustentar sua nova missão. “Eu já sabia muito bem que o caminho para a inclusão social era a educação, era o acesso à informação, a comunicação. Foi por isso que trabalhei de 98 ao início de 2000 no Ismac, na biblioteca, realizando ações, fóruns para debater isso e deveria continuar essa luta”. 

De 2000 a 2004 Telma conquistou uma vaga num concurso público atuando como Assistente Administrativo no governo sul-mato-grossense. “Trabalhei no Centro de Apoio Pedagógico ao Deficiente Visual. Lá, implementamos o Centro de Apoio Pedagógico, Centro de Tecnologia, Centro de Braille, Centro de formação braile… trabalhei nessa área, formação de professores, produção de material em braile e capacitação nas tecnologias”, destacou.   

Almejando a vida no ensino, Telma decidiu, então, ingressar no ensino superior. “A educação me escolheu. Em 2003 fiz minha faculdade de Pedagogia na UCDB. Amei pedagogia, todo mundo falava em outros cursos, mas eu queria educação, que é uma área muito fantástica. Concluí pedagogia e na sequência ingressei na Unaes, num curso de pós-graduação. Fiz um trabalho na Unaes de 2003 a 2007, formando o Núcleo de Apoio Pedagógico às Pessoas com Deficiência e tornando a universidade mais acessível”, seguiu.  

Nesse mesmo período, durante a pós-graduação, Telma retornou para as atividades no Ismac e foi alçada a uma representação nacional. “Em 2004 eu fui para a Federação de Entidades para Cegos, que é um movimento nacional. Lá já passei a atuar a nível nacional pela defesa de pessoas com deficiência”.  

NOTORIEDADE

Com avanço de suas ações por meio da Educação, Telma se tornou integrante da Comissão Brasileira de Braille. 

“O movimento das pessoas cegas do Brasil é muito bem organizado. Nós temos as instituições em âmbito local, nós temos hoje, num modelo unificado, a Organização Nacional de Cegos do Brasil, o qual eu fiz parte de 2 diretorias e hoje ainda faço parte. Temos a União Latina Americana de Cegos e temos a União Mundial de Cegos. Então, temos uma pauta de trabalhos local, nacional e internacional”, detalhou.

Conforme apurado, ela já foi Secretária de Educação e Cultura da Organização Nacional de Cegos do Brasil (ONCB), foi Conselheira titular do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher, representando a Organização Nacional de Cegos do Brasil- ONCB. E ainda é Conselheira presidente do Conselho estadual dos direitos das pessoas com deficiência do estado de Mato Grosso do Sul.

FATÍDICO CONCURSO

Diante das conquistas, a ativista deflagrou uma nova missão para sanar um problema, que é a ausência da discussão sobre a educação infantil de pessoas com deficiência. “Em 2009 eu fiz o concurso para professora no município. Porque a Educação infantil das pessoas com deficiência não está sendo discutida. Não há propostas de alfabetização desse público, então, fiz o concurso para entrar na área de educação infantil. Eu passei com a melhor colocação na prova, mas fui indeferida justamente por ser deficiente”, disse, espantada. 

De acordo com Telma, o médico disse que justamente por ela não enxergar ela não poderia dar aula. “O médico tinha que avaliar minha situação física, minha saúde, mas ele avaliou a minha deficiência. Eu o questionei, mas ele disse que estava escrevendo algo. Eu perguntei o que ele estava escrevendo, ele concluiu e me disse: leia isso aqui, para indicar o óbvio, que eu não enxergava, Você acredita?”, completou ela, explicando que quando se candidatou à vaga, ela disse que desejava justamente concorrer à uma vaga para pessoa com deficiência visual. 

Devido a situação, Telma ingressou com um requerimento e com apoio de uma amiga, procurou Marquinhos Trad (na época vereador). “A Alice [amiga] falou assim: vamos passar no Marquinhos, aí você conta para ele. Quando eu cheguei lá, muito atencioso, ele disse: isso não pode! Ele ligou lá e o pessoal ficou falando que foi indeferido mesmo, não tinha jeito. Nisso, o à época vereador Pedro Kemp, com quem eu já havia feito contato, disse que eu deveria levar a situação para a plenária que ele defenderia. Eu levei a situação para a plenária e isso virou algo maior e a OAB pegou a causa. Eu não poderia ficar calada, o poder público fazendo isso? Eu à frente de uma organização de defesa de pessoas cegas, local, nacional… A mídia toda ampliou a situação e eu acabei ficando doente com tudo isso, com a repercussão”, lembrou.

SONHO DE SER PROFESSORA

Somente em 2012 Telma conseguiu na justiça o direito de assumir o concurso que havia conquistado. “Trabalhei 3 anos na escola Osvaldo Maciel. Foi a coisa mais linda que fiz na minha vida. Eu não trabalhava sozinha. Estava como professora regente, então, contava com as auxiliares sempre atenciosas, com um companheirismo gigante. Elas conheciam meu trabalho, sabiam quem eu era. A escola fica no Taquarussu, foi a experiência mais incrível da minha vida. Realizei, lá, o meu sonho de infância”.  

“Eu peguei alunos de até dois anos e meio. Eu acho que o meu trabalho, quando eu não chorava fisicamente, minha alma se emocionava”, revelou. 

Apesar da felicidade, Telma ainda lidava com diversos obstáculos internos. “Eu morria de medo de tropeçar em um bebê. Era repleta de medos, mas eu entrei na educação infantil para trabalhar na educação especializada e sempre me lembrava disso. Às vezes, eu sentia que estava sendo observada pela janela, eu ficava apreensiva demais. Elas não me contavam, mas eu sentia. Um dia eu questionei uma das colegas: por que elas não param de olhar pela janela? Quando essa mulherada vai ter certeza de que eu sou uma profissional? Uma das professoras me disse que as educadoras e mães que estavam olhando, olhavam com admiração e não por preocupação. Daí eu fiquei mais tranquila. Foi muito lindo esse dia!”.

Na escola pública ela descobriu o impacto e potência do seu trabalho. “Na reunião dos pais eu não queria ir, pois, eu tinha medo do que os pais poderiam achar e falar. Um dia a Coordenadora da escola me disse que eu precisava ir, que era a última reunião do ano, que eu era a professora regente e que eu não poderia ficar fugindo de falar com os pais. Então eu fui. No dia, perguntei da avaliação das crianças aos pais e um deles me surpreendeu. O casal me contou que seu filho havia adquirido um hábito, de quando fazia bagunça com seus brinquedos, após encerrar a brincadeira, o pequeno fechava os olhos e dizia: é hora de guardar os brinquedos. Eu havia ensinado eles na sala, mas não imaginava que eles fechariam aos olhinhos”, disse, emocionada.

Desse momento em diante Telma não teve mais medo de ir às reuniões. Ela deu aula até 2014, quando foi convidada para assumir a Coordenadoria de Direitos Humanos, numa gerência. Concomitantemente ela atuava no ISMAC.

“Em 2017 eu voltei para o ISMAC integralmente. E em 2021 vim para a subsecretaria”, resumiu. 

DESAFIOS

À frente da subsecretaria, indicada pela sociedade civil, após forte movimento. Telma disse que há um desafio muito grande. “Precisamos levar os conhecimentos, as políticas públicas, a realidade das pessoas com deficiência. Somos 23,9% da população. Muitas pessoas deficientes sequer sabem dos seus direitos”, apontou.

A política pública neonatal para pessoas com deficiência precisa ser criada em Mato Grosso do Sul. “Temos crianças autistas nascendo, a gente precisa criar políticas públicas para essas crianças. Temos crianças que estão nascendo que precisam de um diagnóstico precoce para não ficar com uma deficiência. Precisamos avançar nessas ações”, mirou.  

Para a subsecretária, é preciso ampliar o alcance das instituições de reabilitação. “Nós temos instituições, programas, que precisam chegar até as pessoas… As secretarias municipais têm que ampliar suas ações, usando as tecnologias. Há pessoas idosas com  deficiência, há pessoas LGBTQIA+ com deficiência, existem as mulheres pessoas deficientes que estão vulneráveis, os jovens deficientes à margem da formação, os deficientes em comunidade quilombolas, indígenas, nas zonas rurais. Precisamos chegar até essas pessoas. Nossa luta é fazer valer a Lei Brasileira de Inclusão, inspirada na Convenção da ONU sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, são vários os amparos legais”, sustentou.  

Apesar de haver a previsão de direito à humanidade na Constituição Federal, esses direitos são violados pela ausência da informação e da educação. “Muitas vezes as pessoas não procuram auxílio ou se escondem, com vergonha da deficiência. A deficiência se torna leve quando nós temos políticas públicas. Quando temos os programas e sociedade colaborando”, opinou.

“Nós temos o compromisso da política pública em Mato Grosso do Sul, porém, nós precisamos melhorar as ferramentas. Precisamos dialogar com as secretarias de Saúde e Educação. Queremos que a alfabetização das pessoas com deficiência seja discutida, assim como é discutida a educação em geral. Queremos que as secretarias nos escutem quanto às ações de uso das tecnologias assistivas. Nós vamos nos municípios, um a um em nossa gestão, para que faça cada gestor refletir e prever no orçamento público as ações para ampliar o auxílio as pessos deficientes”, prometeu.  

A SUBSECRETARIA

Submetida a Secic [Cultura e Cidadania], a subsecretaria não tem um caixa dedicado. “Precisamos destinar recursos para pessoas com deficiência. Na Cultura precisamos falar sobre os artistas deficientes. Quantos artistas nós temos? Quantos podem ser assistidos para fazer seus espetáculos? É comum no exterior essas ações, revelando gênios da música, dança, que muitas vezes são pessoas deficientes. Porque a deficiência não limita em nada, mas aqui os artistas deficientes não são assistidos amplamente”, criticou.  

Telma destacou que independente do governo que estiver á frente da administração sul-mato-grossense, as políticas públicas às pessoas com deficiência precisam ser garantidas. “Não pode ser somente no governo Reinaldo Azambuja, se amanhã entra outro ele ou ela tem que assumir essa pauta. Isso é tem que ser um compromisso de Estado e não de governo”, argumentou.  

A subsecretária tem um plano de trabalho, mas apesar disso, não tem verba destinada pela Secic. “Infelizmente não temos uma verba destinada. Os milhões vem para a Secretaria de Cultura e Cidadania, mas as 8 subsecretarias aqui não tem uma verba destinada, porém, nós temos um plano de trabalho que, segundo o gestor, será executado. Entre as ações, há a readequação deste prédio que estamos, um prédio histórico de Cultura e Cidadania, completamente sem acessibilidade”. 

O Programa encabeçado por Telma chama-se “MS Acessível” e visa circular o estado para promover ações e criar conselhos regionais de debate dos direitos das pessoas com deficiência. “O mais importante é que as cidades façam os trabalhos. Nosso papel enquanto estado será mediar, assim como o poder legislativo. Precisamos pressionar todos para que abracem a causa da pessoa com deficiência. Nós somos mulheres, artistas, atletas, somos educadores e muito mais”.  

ESTADO EXCLUDENTE 

A subsecretária disse que os gestores do estado de Mato Grosso do Sul precisam refletir profundamente sobre o caminho excludente de pessoas deficiente. “As pessoas com deficiência tem que estar em todos os espaços. Então a gente tem que colocar gente com deficiência na Cultura, na Saúde, na Educação. Nós pessoas com deficiência somos excluídos em Mato Grosso do Sul, em outros estados é outras realidades, estão nas coordenadorias, na educação especializada, hoje em Mato Grosso do Sul nós não ocupamos esses espaços. Agora eu estou aqui, uma pessoa deficiente à frente, mas os recursos são poucos, os recursos humanos também são poucos… nossa inclusão tem que ser macro, mas não temos gente deficiente em todos os espaços. Aqui ainda acontece que nós precisamos entrar na Justiça para assumir um concurso. Aqui se olha a deficiência e esquece o trabalho da pessoa. Precisamos mudar, evoluir”, indicou.

O maior desafio dos deficientes no momento é lutarem pela inserção no mercado de trabalho nos mais variados setores. “Hoje as pessoas com deficiência conseguem inserir a pessoa no trabalho aqui. Eles não estão observando a pessoa como um possível profissional. Nós temos essa capacidade, todos nós aqui vamos brigar por isso, com certeza nós vamos obter novas conquistas. Há muitas pessoas que querem trabalhar, outras têm medo de enfrentar os preconceitos, por isso é importante a reabilitação. E assim, não é trabalho que sobra com salário reduzido, tem que oferecer o trabalho. O caminho é formar e capacitar as pessoas deficientes. Precisamos democratizar o acesso a informação”, finalizou.

Fonte: MS Notícias

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