É para isso que existe a ciência: pesquisadores analisam “ânus” de um dinossauro
Nós conseguimos, caro leitor. Cientistas finalmente chegaram onde nenhum homem jamais chegou: o ânus de um dinossauro. Brincadeiras à parte, foram pesquisadores da Universidade de Massachusetts-Amherst quem analisaram um fóssil surpreendentemente bem conservado para conhecer mais sobre o órgão excretor de um dinossauro morto há cerca de 120 milhões de anos.
Assim como nos répteis, anfíbios e pássaros modernos, o “ânus” do dinossauro não era um ânus: trata-se de uma cloaca. Pense nela como o sistema multitarefas do seu smartphone, só que ao invés de processar o uso de várias janelas de aplicativos, ela acabava conferindo ao animal a capacidade de fazer cocô, xixi, acasalar e botar ovos – tudo pela mesma…bem, “entrada/saída”.
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O problema é que, quando se fala de um animal morto eras atrás, é seguro especular que grande parte das prioridades esteja em examinar o exterior: montar o fóssil da forma mais completa possível, estabelecer aparência, pesquisar e determinar hábitos de alimentação, geografia etc.
Entretanto, boa parte dos animais portadores de cloaca que temos hoje são uma evolução direta dos dinossauros, então há mérito na pesquisa. Convenhamos, alguma coisa igual aos nossos antepassados, nós temos. Não há razão para acreditar que seria diferente com os dinossauros, certo?
“Nós descobrimos que o canal parece um pouco diferente em muitos grupos de tetrápodes, mas na maioria dos casos, ele não diz muita coisa sobre o sexo do animal”, disse a expert em reprodução animal e anatomista Diane Kelly, autora primária do estudo. “Essas características diferenciadas estão enfiadas na cloaca e, infelizmente, não estão muito preservadas neste fóssil”.
Vale ressaltar: “enfiadas” pode ou não ser uma forma de tradução livre que usamos neste texto. O leitor nunca vai saber.
Apesar disso, a anatomia externa da cloaca de incontáveis eras passadas apresentou algumas características análogas, hoje, a crocodilos e alguns pássaros. Um lóbulo dorsal era particularmente parecido com um inchaço na mesma região em pássaros – onde aves masculinas armazenam esperma. É impossível dizer, porém, se essa também era a função na parte íntima sauriana.
Outro detalhe que saltou aos olhos foi a entrada: assim como em crocodilos, cada lado dela tinha lábios que, em tese, facilitariam a penetração, indicando uma reprodução similar à que vimos em jacarés. Entretanto, esses lábios estavam posicionados de forma parecida com a letra “V”, o que pode indicar que a passagem fosse apenas um “corte” horizontal. Os lábios também tinham escamas com alta concentração de melanina – ou seja, seria uma entrada com aparência relativamente escura, ainda que o dinossauro fosse mais claro.
Os dados completos renderam um paper publicado no jornal científico Current Biology.
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Fonte: Olhar Digital
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