Pesquisadores da Universidade de Oxford, no Reino Unido, e da agência federal Armasuisse, na Suíça, identificaram um método de ataque hacker que interrompe de forma remota o carregamento de carros elétricos.
Chamado de Brokenwire, o método consiste no envio de sinais maliciosos para o veículo-alvo via comunicação sem fio, causando interferência eletromagnética e interrompendo a sessão de recarga. Nisso, o principal sistema afetado pelo ataque é o sistema de carregamento combinado — uma tecnologia de recarga rápida amplamente utilizada hoje. A operação pode ser feita a uma distância de até 47 m.
“O Brokenwire possui implicações imediatas para muitos dos cerca de 12 milhões de veículos elétricos no mundo e efeitos profundos na nova onda de eletrificação para frotas de veículos, tanto para empresas privadas quanto serviços públicos cruciais”, diz o site do estudo divulgado na semana passada. “Embora possa ser apenas um inconveniente para os indivíduos, interromper o processo de carregamento de veículos essenciais, como ambulâncias elétricas, pode ter consequências fatais.”
Uma vez que o ataque hacker é lançado, o veículo-alvo não consegue carregar até que a comunicação seja parada e ele seja reconectado de forma manual à estação de recarga. O grupo de pesquisa destacou, entretanto, que o golpe só atinge os sistemas de carregamento rápido e não causa danos permanentes ao carro. Tomadas de recarga domésticas, com recarga AC, não são afetadas, pois usam comunicações diferentes.
Ataque pode atravessar cercas de perímetro
A pesquisa (já disponível online) envolveu testes em sete tipos de veículos e 18 carregadores, usando um rádio definido por software, amplificador de 1W e antena dipolo.
Neles, o quarteto de pesquisadores — Sebastian Kohler, Richard Baker e Ivan Martinovic, da Universidade de Oxford, e Martin Strohmeier, da Armasuisse S+T — demonstrou que o ataque hacker a carros elétricos pode ser feito a grandes distâncias, como através de cercas de perímetro ou a longitude entre diferentes andares de um prédio.
Os pesquisadores preferiram manter detalhes adicionais do modus operandi em sigilo para evitar a exploração ativa do golpe, enquanto as partes interessadas trabalham para chegar a contramedidas adequadas. No entanto, o uso de PLC (comunicações por linha de potência, em português) na comunicação entre o carro elétrico e a estação de recarga seja uma das brechas para a ação do golpe.
“O PLC traz benefícios em termos de reutilização de tecnologias de commodities e capacidade para serviços adicionais, como recarga automática e de resposta à demanda, além do controle da sessão”, explica o artigo. “No entanto, sabe-se que o PLC, como utilizado no sistema de carregamento combinado, involuntariamente vaza sinais de comunicação através do cabo de carregamento e foi demonstrado em outras configurações que ele é suscetível à interferência eletromagnética.”
Os pesquisadores ainda ressaltaram que o ataque hacker afeta não apenas o carregamento de carros elétricos, como navios elétricos, aviões e veículos pesados.
Crédito da imagem principal: Guteksk7/Shutterstock
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Fonte: Olhar Digital
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