Várias fotos e vídeos de tanques russos destruídos pelos ucranianos mostram um fenômeno em comum: os veículos aparecem sem a torre (às vezes chamada torreta), que geralmente está por perto, mas desencaixada. É como se ela tivesse espocado, feito uma rolha de champanhe, ou sido disparada como a tampa de panela de pressão que explode.
Será que a engenharia herdada da União Soviética, famosa pela robustez, se não conforto, não foi capaz de prender direito a parte mais importante do tanque?
Uma letal vantagem
A torre é o que faz de um tanque um tanque: é a base giratória na qual fica o canhão principal. E a torre de tanques russos, os T-72 e T-90 usados na guerra, é um objeto de 12 toneladas. Para ela sair voando, não é qualquer coisa. Um tanque não devia fazer isso, e a maioria não faz. É um evento catastrófico, sem a menor chance de sobrevivência.
Mas o que acontece com os tanques russos (e também ucranianos, que usam versões do T-72 herdadas da URSS) não é exatamente segredo. É consequência de uma coisa que, em tese, devia fazê-los ser superiores aos tanques americanos M1A1 Abrams.
Um soldado de infantaria antitanque dos EUA soube explicar bem o que está acontecendo:
O canhão do M1A1 Abrams é carregado manualmente, por um soldado, enquanto o T-90 tem um carregador automático. Isso significa que o tanque russo dispara mais rápido, e pode ser mais compacto. O T-90 pesa 44,5 toneladas e tem um comprimento de 6,86 m (medido na carcaça, não no canhão). Perto dele, o tanque americano é um brutamontes: o M1A1 pesa 73,6 t e tem 7,93 m de comprimento.
O tanque americano tem uma tripulação de 4 pessoas, versus 3 do russo. O membro adicional é justamente o carregador.
Ser menor não é desvantagem: significa que o tanque acelera mais rápido e é mais difícil de ser atingido, enquanto as armas dos dois são mais ou menos equivalentes. E dispara mais: pode recarregar e disparar a cada 5 segundos, contra até 10 do rival. Em alguns tanques com carregamento manual, como o israelense Merkava, o tempo é parecido com o dos tanques automáticos, mas depende de um carregador humano extremamente bem-treinado, e que fica rapidamente exausto. .
Mas o custo dessa velocidade está se mostrando alto: o T-90 tem sua munição instalada sob a torreta, num pente em formato de carrossel.
Quando o tanque é atingido logo abaixo da torreta, isso tudo explode de uma vez. Então a comparação com uma panela de pressão faz sentido: a pressão da explosão no interior do tanque é o suficiente para fazer a torreta, pesada e firmemente presa, sair voando.
Não é preciso muito para imaginar o destino de quem está dentro do tanque nessa hora. Não que não exista múltiplas formas de morrer em outros tanques recebendo fogo inimigo, e nem sempre os T-72 e os T-90 perdem a torre. Mas a chance de sobreviver (ou deixar um corpo reconhecível ) no interior dessa panela de pressão explodindo é nula.
Os russos estão andando no que os americanos da Segunda Guerra chamaram, nada carinhosamente, o seu tanque M4 Sherman, que era imensamente inferior aos alemães: um caixão blindado.
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Fonte: Olhar Digital
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