A nossa Lua tem mais funções de interesse para nós do que apenas afetar as nossas marés. A agência espacial americana (NASA) vem usando sua luz para calibrar a exatidão de leituras feitas por satélites de observação da Terra.

A notícia veio da própria NASA, que durante os dias 12 e 16 de março, usou o seu sistema air-LUSI (Airborne Lunar Spectral Irradiance) de mensuração da luz da Lua para complementar os esforços da agência aqui na superfície da Terra em melhorar as leituras dos satélites em ações ligadas à meteorologia ou análises químicas.

Devido à Lua não ser afetada por fatores terrenos, a sua luminosidade é constante e nos ajuda a calibrar instrumentos para analisar eventos da Terra com mais exatidão
Devido à Lua não ser afetada por fatores terrenos, a sua luminosidade é constante e nos ajuda a calibrar instrumentos para analisar eventos da Terra com mais exatidão (Imagem: Dotted Yeti/Shutterstock)

“A Lua é extremamente estável e não é afetada por fatores como o clima da Terra em nenhum grau. Ela acaba sendo uma excelente referência de calibração, um benchmark independente, pelo qual nós podemos ajustar nossos instrumentos e ver o que está acontecendo com o nosso planeta”, disse o investigador principal do air-LUSI, Kevin Turpie.

Hoje, a NASA conta com mais de 20 satélites de observação medindo coisas como o movimento de marés, a ocorrência de furacões, a observação de vulcanismo e também o monitoramento de rádio e luz – incluindo aquelas que não enxergamos a olho nu, como ultravioleta e infravermelho.

Mas tal qual uma orquestra, esses satélites precisam trabalhar com certa sincronia. Qualquer coisa diferente disso, e os dados coletados podem gerar percepções e estudos diferentes e equivocados. É nisso que entra o trabalho da NASA com a luz da Lua.

Essencialmente, o air-LUSI é um telescópio que mede quanta luz está sendo refletida da superfície da Lua, a fim de avaliar a quantidade de energia recebida por ela pelos satélites que observam a Terra. Para trabalhar com esse sistema, a agência espacial o montou sobre um avião que voa a 70 mil pés de altura (pouco mais de 21 mil metros), na altura da maior parte da atmosfera, onde as partículas de luz estão mais espalhadas.

Os instrumentos do air-LUSI ficam hermeticamente selados em pressão e temperatura do mar, usando um espectrômetro para capturar e medir a luz da Lua. Depois de todo o processo, Turpie disse que o resultado é de uma precisão acima de 99%.

A vantagem dessa abordagem aérea é a de que, apesar da grande altura, a NASA consegue trazer de volta o veículo para armazenar os dados coletados e promover reparos quando necessário. Mais além, projetos futuros já antecipam usar a Lua como objeto de calibração, o que criará um sistema comum para ser usado em várias redes.

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