Se você já está cansado deste mundo e está juntando uma graninha ou preparando sua bagagem para uma futura mudança para o planeta Marte, tenho uma má notícia para você: isso provavelmente não vai ocorrer tão cedo. E pior, talvez nunca ocorra. A parte boa é que isso será muito bom para você!
As dificuldades envolvidas em uma possível viagem tripulada a Marte não são segredos para ninguém. Mas elas podem ser ainda mais desafiadoras quando se trata da permanência por longos períodos de tempo no Planeta Vermelho.
O simples fato da viagem até lá durar mais de 6 meses impõe uma série de desafios, como a quantidade de suprimentos necessária. Imagine quanta comida, remédios, roupas e artigos de higiene você precisaria estocar para passar 6 meses sem ir ao supermercado. Agora multiplique por 100 e imagine como colocar tudo isso dentro de um foguete.
É complicado, mas vamos considerar que já superamos as dificuldades dessa viagem e imaginar, agora, como seria viver em Marte. Primeiramente, precisaremos de um sistema de suporte à vida, que nos garanta água, calor e uma atmosfera adequada, com pressão e oxigênio para respirarmos. Sistemas semelhantes podem ser encontrados nas naves espaciais, e isso é bom, já que podemos utilizá-las como nossa primeira morada em solo marciano.
Mas um supermercado vai fazer falta. Não temos como levar toda comida necessária para lá, então, precisaremos cultivar, em Marte, nossa própria alimentação. E para isso precisaremos de muita água e extensas estufas, aquecidas e com uma atmosfera semelhante à da Terra. Poderemos extrair a água do subsolo marciano, mas para que tudo isso funcione, precisaremos de muita energia.
E a energia é um outro grande problema. Em Marte, felizmente, nem existe petróleo (se tivesse, provavelmente o planeta já teria sido invadido). Também não tem rios onde poderíamos instalar usinas hidroelétricas, nem uma atmosfera densa o suficiente para que a energia eólica fosse viável e a instalação de uma usina nuclear seria algo muito complexo. Então, a energia solar seria a alternativa mais viável. Mas nem isso é tão simples por lá. Devido à sua distância do Sol, a geração de energia solar em Marte tem apenas a metade da eficiência em relação à Terra.
Então, antes que os primeiros colonos cheguem ao Planeta Vermelho, seria preciso construir uma usina solar com grande capacidade de geração de energia, para manter nossos sistemas de geração de oxigênio, captação de água e, principalmente, de aquecimento. Porque Marte é frio, e não é pouco.
Com temperaturas médias variando entre 4 e -88 graus, as regiões mais quentes do Planeta Vermelho são mais gélidas que os lugares mais frios da Terra. Logo, uma falha no sistema de aquecimento poderia ser fatal. Além disso, a pressão atmosférica marciana é tão baixa que um ser humano não sobreviveria por mais de um minuto sem proteção. Sem falar da radiação, que é cerca de duas vezes e meia maior que na Estação Espacial Internacional. Em tese, isso impediria a permanência segura em Marte por mais de 3 anos.
Parece que Marte não gosta da gente, mas na verdade, o ser humano é que não foi feito para viver lá. Nós somos o resultado de 3,5 bilhões de anos de evolução. Cada órgão, cada membro, cada parte do nosso corpo e cada um dos nossos sentidos e habilidades foram desenvolvidos para se adaptar ao ambiente aqui da Terra. E mesmo sendo Marte o segundo planeta do Sistema Solar que melhor reúne as condições para a vida, ele não é a Terra.
Claro, cada uma dessas dificuldades podem ser superadas com novas tecnologias, e estas vêm surgindo a cada dia. Mas fica evidente que povoar o Planeta Vermelho não é algo tão simples que possa ser resolvido apenas com dinheiro e força de vontade. Marte é, sem dúvida, a próxima fronteira da humanidade, mas sua colonização, por enquanto, parece um sonho muito distante ou talvez, impossível.
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Fonte: Olhar Digital
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