Se você já viu a Lua, já percebeu alguns detalhes bem únicos do satélite natural da Terra: uma esfera brilhante salpicada de desenhos vagos, lisos e escuros. Mas este é o único lado dela que você já viu daqui de baixo. Há todo um outro lado da superfície lunar, o lado distante, que não podemos observá-lo porque não se volta para o nosso planeta.
O que se sabe é que esse lado oculto era áspero, manchado com toneladas de crateras, e não tinha aqueles padrões característicos de um cinza profundo. Missões posteriores até revelaram que ele estava cheio de elementos totalmente diferentes. Em essência, nossa lua tem duas faces, e os cientistas ainda estão tentando resolver o mistério de elas serem tão diferentes.
Um artigo publicado na revista Science Advances pode finalmente ter uma explicação para um aspecto importante dessa enigmática dualidade da Lua.
Lava Lunar
Basicamente, essas sombras que vemos na Lua são chamadas de ‘Lunar Mare’, e são o resultado de lava antiga da atividade vulcânica na superfície. O outro lado da lua não tem essas marcas, o que é bastante surpreendente, porque se um lado tem um legado vulcânico, certamente o outro também deveria ter.
Eles usaram simulações de computador para ver o que poderia ter acontecido há muito, muito tempo antes de haver qualquer atividade vulcânica na superfície da Lua. Mais especificamente, eles recriaram um impacto maciço que, bilhões de anos atrás, mudou a base do satélite natural, formando uma cratera gigantesca que agora chamamos de bacia do Pólo Sul-Aitken (SPA).
“Sabemos que grandes impactos como o que formou o SPA criariam muito calor”, disse Matt Jones, cientista planetário da Brown University e principal autor do estudo, em comunicado. “A questão é como esse calor afeta a dinâmica interior da Lua.”
O que eles descobriram é que esse enorme esmagamento teria criado uma nuvem de calor que carregava um monte de elementos químicos específicos para o lado mais próximo da lua, e não para o lado mais distante. “Esperamos que isso tenha contribuído para o derretimento do manto que produziu os fluxos de lava que vemos na superfície”, disse Jones.
Em outras palavras, esses elementos contribuíram para uma era de vulcanismo na face lunar que podemos ver da Terra, mas deixou o lado distante intocado.
Surpreendentemente, essa hipótese também se alinha com outra distinção lunar indescritível: muitas regiões do lado próximo são conhecidas por conter substâncias químicas como potássio e fósforo.
Mas estes são precisamente os materiais que os pesquisadores do novo estudo encontraram estimulando a atividade vulcânica em suas simulações, no lado próximo da Lua.
Eles chamam sua solução de credível em relação a todos os dados lunares que temos, mas ainda é uma teoria que exigirá mais confirmação com o passar dos anos. Independentemente disso, da próxima vez que você se pegar apreciando a beleza da Lua, talvez você também pense um pouco no lado oculto e acidentado do nosso satélite natural.
Fonte: Olhar Digital
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