Entre os muitos experimentos que serão conduzidos pelos tripulantes da missão Ax-1, o primeiro voo totalmente privado à Estação Espacial Internacional (ISS), está um que pode vir a ajudar a NASA a construir telescópios espaciais maiores do que nunca.
Chamado Fluidic Telescope Experiment (FLUTE), o programa foi projetado para investigar o uso de líquidos no desenvolvimento de lentes de telescópio, que poderiam ser feitas no próprio espaço com o lançamento do material.
Se a técnica se provar possível, telescópios espaciais podem se tornar muito maiores do que são atualmente — algo importantíssimo para a astronomia, já que quanto maior um telescópio, mais poderoso ele é.
Coordenada pela Axiom Space, empresa com sede em Houston, nos EUA, a missão Ax-1 foi lançada na última sexta-feira (8), atracando com sucesso na ISS no dia seguinte. Dela, fazem parte Michael López-Alegría, ex-astronauta da NASA e atual funcionário da Axiom Space, o magnata imobiliário e piloto acrobático Larry Connor, além do empresário de música e sustentabilidade Mark Pathy e do investidor e ex-piloto da Força Aérea de Israel Eytan Stibbe, como especialistas em missão.
E é a cargo de Stibbe que ficará o experimento que visa demonstrar a tecnologia em questão, criando uma lente a partir de polímeros líquidos e a enrijecendo com luz ultravioleta, na temperatura necessária.
Segundo a Axiom, mesmo que pareça improvável, o processo é relativamente simples, semelhante à criação de unhas acrílicas em um salão de beleza, e o uso da microgravidade será fundamental para ajudar na modelagem da lente.
“Na microgravidade, os líquidos assumem formas úteis para fazer lentes e espelhos, por isso, se os fizermos no espaço, eles podem ser usados para construir telescópios extremamente maiores do que se pensava ser possível”, disse Edward Balaban, pesquisador do Centro de Pesquisa Ames, da NASA, e principal pesquisador do FLUTE.
Os idealizadores destacam que essa técnica líquida poderia até ser mais fácil do que os processos atuais de produção de lentes. “Esse método nos permite pular completamente qualquer processo mecânico, como moagem ou polimento”, disse Moran Bercovici, professor associado de Engenharia Mecânica da Technion, um dos autores do projeto. “A física natural dos fluidos simplesmente faz todo o trabalho para nós”.
A equipe de pesquisa, composta por cientistas do Centro de Pesquisa Ames e do Centro de Voo Espacial Goddard, da NASA, em parceria com pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Israel (Technion), já demonstrou a tecnologia mais perto de casa: primeiro, em microgravidade simulada na água na Terra, depois, em voos parabólicos zero-G, que ofereceram aos pesquisadores períodos de microgravidade de 15 a 20 segundos.
“Com certeza, em poucos segundos fomos capazes de criar uma lente líquida independente – até que o avião levantou voo, a gravidade agiu, e os óleos saíram”, disse Bercovici. “A nossa experiência na estação espacial acrescentará um passo para curar os fluidos para que mantenham a sua forma”.
Balaban destaca que, se o experimento for bem sucedido, será a primeira vez que um componente óptico é feito no espaço. “É um pouco como fazer história”.
Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!
Fonte: Olhar Digital
Comentários