Quase dois anos antes do rei da moda japonesa, o bilionário Yusaku Maezawa, embarcar em sua recente visita turística à Estação Espacial Internacional (ISS), ele dominou as manchetes ao lançar uma busca mundial por uma “parceria de vida” para ir à Lua com ele.

Bilionário japonês Yusaku Maezawa chegando à Estação Espacial Internacional (ISS), em dezembro passado. Imagem: NASATV

Em seu apelo online por amor, Maezawa, que tinha 44 anos na época, disse que esperava encontrar uma companhia para aliviar os “sentimentos de solidão e vazio” que surgiam dentro dele. Alguns meses depois, no entanto, o bilionário abruptamente cancelou sua busca por uma parceria romântica devido a razões pessoais não especificadas. Agora, parece que ele está apostando que robôs podem ser capazes de preencher o buraco no coração.

O excêntrico bilionário, que fez fortuna através do site japonês de moda de comércio eletrônico Zozotown, anunciou que seu fundo de investimento está comprando a startup japonesa de robótica Groove X. O carro-chefe da empresa é um produto chamado Lovot, uma combinação das palavras em inglês que significam “amor” e “robô”. Os termos do acordo não foram divulgados.

Segundo a Groove X, os robôs companheiros do tamanho de animais de estimação visam provocar um “instinto amoroso” em seus clientes humanos, com casos potenciais de uso em asilos e com crianças. À medida que a pandemia se alastrou, os chamados “robôs do amor” também encontraram um novo propósito em fornecer companhia àqueles que foram forçados a ficar separados de quem amam.

Com seus olhos arregalados, os dispositivos rolam sobre rodas e têm mais de 50 sensores para responder a estímulos de humanos (a quem ele distingue através de uma câmera térmica) por meio da tecnologia de aprendizado de máquina, de acordo com a empresa.

Imagem: Groove X – Divulgação

Atualmente, o robô está disponível para venda somente no Japão. O preço começa em US$ 2.825 (R$13.253, na cotação atual) por dispositivo, mais uma taxa de serviço mensal de aproximadamente US$80 (R$375).

Segundo a própria empresa, o “robô do amor” não tem qualquer outra finalidade. “O robô nasceu por apenas uma razão — para ser amado por você”.

“Nunca imaginei que um robô me curaria”, diz Maezawa no comunicado que anuncia a aquisição do Groove X por seu fundo. Embora o robô “não possa limpar ou trabalhar”, Maezawa disse que vê “grande potencial em uma presença que pode fazer as pessoas se sentirem felizes, particularmente neste momento”, em alusão à pandemia de Covid-19.

Maezawa também expressou esperança em sua declaração de que a Groove X pode em breve começar a vender seu robô fora do Japão. 

Pode parecer ficção científica, mas alguns pesquisadores dizem que há muito potencial para os robôs se tornarem companheiros humanos amados. “Há uma quantidade substancial de pesquisa na interação humano-robô que mostra que as pessoas podem desenvolver laços emocionais genuínos com robôs, e que isso é algo que pode ser intencionalmente encorajado através do design”, disse Kate Darling, especialista em pesquisa de robótica pessoal do Massachusetts Institute of Technology Media Lab, à CNN Business.

“Somos criaturas muito relacionais”, disse Darling. “Não há dúvida em minha mente que as pessoas podem e vão se relacionar emocionalmente com robôs no futuro”.