De acordo com o diretor geral da Agência Espacial Europeia (ESA), Josef Aschbacher, o superfoguete Ariane 6, desenvolvido pela Arianespace, deve ser “a maior prioridade” de lançamento da agência para 2022.
Em desenvolvimento desde 2014 pela empresa aeroespacial francesa, o Ariane 6 era para ter sido lançado em 2020, mas teve seu plano adiado em virtude da pandemia da Covid-19, bem como de problemas técnicos encontrados em alguns testes primários. Desde então, a ESA vinha trabalhando com previsão de lançamento para junho de 2022.
O Ariane 6 é o principal projeto da ESA para o transporte de cargas super pesadas, que está em desenvolvimento para, no futuro próximo, substituir o renomado Ariane 5. A ideia é que a Arianespace consiga reduzir os custos de lançamento do novo foguete no intuito de competir com o Falcon 9, da SpaceX – entretanto, o foguete europeu não é reutilizável, o que aumenta consideravelmente o custo de cada missão.
Segundo um comunicado da ESA, emitido na quinta-feira (15), o veículo está passando por uma última rodada de testes, que visa validar o sistema de linhas de combustível e braços de suporte mecânicos que o manterão preenchido com hidrogênio líquido e oxigênio líquido nos momentos críticos antes da decolagem.
Como se fosse um lançamento real, dois braços articulados presos à parte superior do mastro do Ariane 6 na plataforma de lançamento foram separados e retraídos enquanto eram preenchidos com hidrogênio, que é resfriado ao seu estado líquido a temperaturas criogênicas. Esta manobra imita os segundos antes da decolagem – exatamente o mesmo “ensaio molhado” que a NASA vem tentando fazer (sem sorte) há mais de dez dias com o megafoguete lunar Space Launch System (SLS).
Os “criobraços” fazem parte do sistema de conexão fluida que se conecta ao Ariane 6 na contagem regressiva final para o lançamento. Eles suportam os braços umbilicais superiores que fornecem combustível de recarga criogênica, mantêm a pressurização correta dos tanques, resfriam os motores antes da ignição e geralmente mantêm o estágio superior em uma condição ideal até o ponto de decolagem. Os mesmos braços umbilicais permitem que o combustível seja drenado com segurança se um lançamento for abortado.
Cada braço tem 13 m de comprimento e pesa 20 toneladas. Um fornece hidrogênio líquido a -250°C, o outro fornece oxigênio líquido a -180°C. Quando o Ariane 6 decolar, esses braços irão se desconectar do foguete e, em seguida, girar para longe rapidamente, em apenas 2,6 segundos, para evitar interferir na subida do veículo.
Essa é uma manobra que requer grande precisão. Quase simultaneamente, é necessário desconectar os braços, proteger as mangueiras de alimentação das ejeções de gás dos propulsores e permitir que o veículo de lançamento passe, evitando qualquer contato com ele.
Um contrapeso de 50 toneladas dentro do mastro acelera a retração dos braços. Um sistema de amortecimento inteligente permite que os braços freiem antes do fim de seu balanço para trás, a fim de proteger as ligações mecânicas com o mastro.
Manter os suprimentos de fluidos conectados com o foguete até o momento da decolagem garante a melhor disponibilidade e simplificação da interface com o veículo de lançamento.
A desconexão dos criobraços do Ariane 6 é muito mais rápida do que é do Ariane 5, no qual a manobra vem seis segundos antes da decolagem. Isso significa que a sequência de Ariane 6 pode ser acionada no último momento possível na contagem regressiva, reduzindo a chance de desconexões desnecessárias no caso de um lançamento abortado.
Segundo a ESA, os testes de qualificação técnica continuam. O objetivo agora é completar o processo de qualificação das linhas de enchimento de hidrogênio e oxigênio e interfaces do lançador para os estágios inferior e central.
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Fonte: Olhar Digital
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