Em resposta ao ataque a um dos seus principais navios, Rússia voltou a disparar mísseis em Kiev, aumentou ofensiva no leste e pediu rendição do inimigo em Mariupol; ucranianos afirmam que vão lutar ‘até o fim’
No dia 1º de abril, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, afirmou, durante sua visita oficial à Índia, que as negociações para um cessar-fogo na Ucrânia haviam progredido. Moscou esperava que o país vizinho adotasse posição de neutralidade, renunciasse às suas aspirações de ingressar na Otan e abrisse mão da região de Donbass, no leste do país. A declaração expressava o otimismo com sinalizações dos dois lados que apontavam para um cessar-fogo. Tudo se esvaiu, no entanto, quando, naquela manhã, um depósito de combustível na cidade de Belgorod, na Rússia, foi bombardeado por forças ucranianas. A partir dali, a palavra “acordo” foi alijada de entrevistas e discursos das autoridades de ambos os países.
Também naquele dia 1º, imagens de civis mortos na cidade ucraniana de Bucha, nos arredores de Kiev, chocaram o mundo. Mais de 400 civis foram encontrados mortos, espalhados pelas ruas ou enterrados em covas rasas. O evento motivou novas sanções à Rússia e o repúdio do Ocidente. Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, pediu que o líder russo Vladimir Putin seja julgado por crimes de guerra. Com 93 votos a favor, 24 contra e 58 abstenções (inclusive a do Brasil), Moscou foi suspensa do Conselho de Direitos Humanos da ONU.
O Kremlin nega as acusações, mas os ucranianos são taxativos e pressionam os países ocidentais por duras sanções aos inimigos. “Sabemos de milhares de pessoas mortas e torturadas, com membros decepados, mulheres estupradas e crianças assassinadas”, acusou Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia. “É muito difícil conversar quando você vê o que eles fizeram aqui”, destacou, deixando evidente que um acordo se tornou mais difícil.
O resultado de Belgorod e de Bucha foi uma impressionante escalada de violência na guerra. Bombardeios de ambos os lados excluíram as já remotas chances de um acordo de cessar-fogo. Segundo o Kremlin, forças ucranianas bombardearam nos últimos dias duas cidades na fronteira entre os dois países, deixando dezenas de feridos. Kiev nega a acusação. Já as tropas de Putin aumentaram a ofensiva em Kharkiv, no leste da Ucrânia, e voltaram a atacar Kiev. Misseis foram disparados à capital ucraniana entre sexta-feira, 15, e sábado, 16. Neste domingo, 17, ao menos cinco pessoas morreram em um ataque russo a Kharkiv. Ao menos 503 civis ucranianos morreram na cidade desde que o conflito eclodiu.
A ferocidade dos ataques está ligada ao bombardeio ao navio cruzador russo Moskva, que afundou no mar negro após ser atingido por dois mísseis ucranianos. Ciente de que feriu o orgulho do inimigo, a Ucrânia lançou selos comemorativos. Filas enormes se formaram em frente aos correios em Kiev na sexta-feira, 15, para adquirir uma “lembrancinha” do episódio, que renovou a esperança do país. Uma amostra disso é a batalha em Mariupol, importante cidade portuária no leste ucraniano. A Rússia exige a rendição das tropas de Zelensky, mas os ucranianos afirmam que vão resistir. “Nossos soldados ainda estão lá e vão lutar até o fim”, declarou o primeiro-ministro Denys Shmygal. “A Ucrânia está pronta para grandes batalhas e pode vencê-las, inclusive no Donbass”, afirmou o assessor da presidência ucraniana, Mikhailo Podoliak.
Fonte: Jovem Pan News
Comentários