O módulo InSight, levado a Marte pela NASA, tem poeira. Muita poeira. É o que mostram fotos divulgadas pela agência espacial americana que mostram um “antes e depois” do artefato. Mas não é só isso: as imagens revelam que o acúmulo de poeira no objeto é tão grande que a diferença pode ser vista da órbita do planeta vermelho.
Isso porque as imagens abaixo foram feitas pelo Mars Reconnaissance Orbiter (MRO), uma sonda da NASA que chegou a Marte em 2006 e tem por missão observar e estudar a geologia do planeta vermelho.
O módulo InSight chegou a Marte em 2018, com a missão de fazer um estudo in loco – ou seja, fisicamente estando na região – das atividades sismológicas do planeta, instalando sismômetros e outros sensores para medir vários dados de tremores (ou “martemotos”) e tempestades de areia comuns ao quarto planeta do sistema solar.
O problema é que eventos do tipo levantam muita poeira. Na verdade, o nome correto é “regolito”, uma espécie de camada não temperada de rochas constituído de partículas do solo e pedaços dessas rochas. E os regolitos são, no melhor dos adjetivos, teimosos: quando eles tocam alguma superfície, são bem chatos de serem removidos.
Por essa razão, por exemplo, é que o módulo InSight entrou em modo de segurança em janeiro de 2022. O acúmulo de regolito em seus painéis solares foi tão grande que quase nenhuma energia do Sol era absorvida por ele para que ele funcionasse direito. Felizmente, de lá até aqui, as coisas parecem ter se recuperado.
Esse tipo de problema parece pequeno, mas é um dos mais complicados da NASA, que já perdeu o rover Opportunity pela mesma razão em 2019.
Mas também há um lado positivo: o acúmulo de regolito permite que o InSight conduza estudos sobre trajetórias de ventos, pesos de partículas e outros detalhes que ajudam a NASA a entender melhor os padrões climáticos de Marte: “a detecção de mudanças a longo prazo nos dizem como a poeira de move por Marte e nos ajuda a entender como a sua superfície evolui com o tempo”, disseram especialistas da Universidade do Arizona, que operam o instrumento HiRISE, responsável pelas fotos acima, em um comunicado divulgado na última sexta-feira (15).
Ainda assim, a situação é preocupante: em fevereiro, a NASA afirmou que já lida com a possibilidade de que a missão InSight tenha seu fim declarado em 2022, considerando o acúmulo de poeira em seus painéis solares. Normalmente, a agência consegue aliviar um pouco disso, por um método incomum: usar um dos braços do módulo para jogar mais areia por cima dele. A premissa é sólida: a areia mais fina tem partículas mais leves. Ao ser arremessada no painel, ela pode deslogar regolitos maiores e mais pegajosos. As duas partes podem então cair fora e liberar a captação de energia.
Mas a limpeza completa ainda depende da natureza de Marte: um vento mais forte poderia ajudar nisso, mas o módulo InSight não deu a sorte de pegar uma corrente consistente. E como não tem ninguém com um “pano molhado” no planeta vermelho, a situação vem tomando toda a atenção da comunidade científica.
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Fonte: Olhar Digital
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