No mês passado, o Olhar Digital noticiou que arqueólogos da Catedral de Notre Dame, em Paris, descobriram um sarcófago de chumbo do século 14 até então desconhecido, juntamente com outros caixões, de acordo com o Ministério da Cultura da França.
Não está claro quem foi sepultado no sarcófago, mas provavelmente era alguém importante. Segundo o ministério, as características e a localização do sarcófago sugerem que ele contém os restos de “um alto dignitário”.
Esse mistério pode estar bem próximo de ser desvendado. Isso porque, de acordo com a agência de notícias Reuters, o Instituto Arqueológico Nacional da França (INRAP) anunciou, na última quinta-feira (14), o interesse em abrir a sepultura.
Paris espera que Notre Dame esteja pronta até 2024
Em 2019, a icônica catedral do século 12 pegou fogo durante um projeto de reforma e restauração. Desde então, o governo francês avançou com uma reconstrução que tem por objetivo restaurar a arquitetura gótica histórica da catedral, serviço que os oficiais da igreja esperam que seja concluído em 2024, quando Paris está programada para sediar os Jogos Olímpicos de Verão, informou a Reuters.
Na última etapa da restauração, os trabalhadores precisaram colocar andaimes para alcançar a torre queimada da catedral. Antes que eles pudessem erguer os andaimes, no entanto, os arqueólogos examinaram o local para procurar por quaisquer artefatos que pudessem ser danificados.
Durante a escavação, que começou em 2 de fevereiro e se seguiu até 25 de março, a equipe se concentrou no transepto – a parte da catedral onde o piso corre perpendicular ao edifício principal, formando uma cruz.
O transepto foi coberto com uma camada de pedra que data do século 18. Abaixo disso, os arqueólogos encontraram “muitas sepulturas” de diferentes camadas, indicando que o local foi usado como cemitério por um longo período de tempo. As sepulturas datam do século 14 e repousam em solos que podem remontar ao início do século 13.
Entre os achados, os arqueólogos encontraram o sarcófago de chumbo em forma humana “totalmente preservado”. A sua colocação no transepto da catedral sugere que a pessoa enterrada tinha status de elite, enquanto sua camada subterrânea indica que data do século 14, no máximo.
Microcâmera já revelou um pouco do conteúdo do sarcófago
Usando uma microcâmera que foi introduzida através de uma das rachaduras, os cientistas já puderam dar uma espiada dentro da tumba e gravar um vídeo que revela restos de pano e matéria orgânica, como cabelos e plantas, ao lado de objetos que ainda não foram identificados. “O fato dessas plantas ainda estarem lá indica que o conteúdo foi muito bem preservado”, disse Christophe Besnier, do INRAP.
Besnier disse que o sarcófago em breve será enviado ao Instituto de Medicina Forense em Toulouse, onde a tecnologia de datação de carbono poderá ser empregada para aprender mais sobre a pessoa e os objetos dentro dele.
“Se isso for de fato um sarcófago da Idade Média, estamos lidando com uma prática funerária extremamente rara”, disse Besnier.
A chefe do INRAP, Dominique Garcia, disse à AFP que o exame do sarcófago será realizado de forma sensível e com foco antropológico e não arqueológico, conforme a lei francesa. É provável que seja reentermado na catedral quando o trabalho estiver concluído.
“Um corpo humano não é um objeto arqueológico”, explicou. “Como restos humanos, o código civil se aplica e os arqueólogos vão estudá-lo como tal”.
A escavação revelou outra descoberta extraordinária: um poço cheio de esculturas pintadas que já fizeram parte da tela de madeira de Notre Dame – a divisória ornamentada que divide a capela-mor e a nave, ou as diferentes extremidades da catedral.
Essa tela foi construída por volta de 1230 DEC e destruída no início de 1700, de acordo com o comunicado. O arquiteto francês Eugène Viollet-le-Duc (1814-1879) descobriu anteriormente outros fragmentos dessa tela, que agora estão em exposição no Museu do Louvre.
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Fonte: Olhar Digital
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