Um recente escândalo na comunidade científica alemã vem tomando proporções consideráveis à medida em que seus detalhes avançam na esfera pública: de acordo com a Science, a diretora de Arqueologia do Instituto Max Planck de Ciência, Nicole Boivin, foi novamente rebaixada de seu cargo após diversas acusações de bullying corporativo e má conduta científica.
O Instituto Max Planck é, possivelmente, o principal centro de pesquisas científicas da Alemanha, atuando nas ciências naturais, da vida e sociais, bem como das artes e humanidades, parafraseando o manifesto da própria instituição, publicado em 1986. O instituto foi originalmente fundado sob o nome “Sociedade Kaiser Wilhelm”, mas foi renomeado em homenagem ao seu ex-presidente, o físico teórico Max Planck.
Segundo as informações divulgadas pela revista, o sentimento entre a divisão de arqueologia e biologias arqueológicas do Instituto é de “incertezas”: “a sensação que temos é de confusão, não um sentido de que as coisas foram feitas da forma correta ou de que algum de nós tenha confiança nesse processo”, disse um dos pesquisadores da área, em condição de anonimato.
Não é a primeira vez que Nicole Boivin se vê em inimizade com o próprio instituto: em 2021, a executiva também havia sido rebaixada pelas mesmas acusações pelo atual presidente, o eletroquímico Martin Stratmann. A arqueóloga, canadense por naturalidade, processou o líder da organização e uma corte judicial alemã a restaurou à posição de chefia, afirmando que Stratmann não havia seguido os processos corretos de exclusão ou demoção de seus pesquisadores associados. Nesta vitória, Boivin foi restaurada em uma votação favorável de 32 para 1 em um painel com outros pesquisadores e juristas do serviço público alemão – ainda que Stratmann afirmasse mais de três anos de investigações.
Ela, inclusive, promete levar o caso novamente à justiça do país bávaro: “é extremamente decepcionante que o instituto não tenha respondido a repetidos pedidos feitos ao longo dos últimos meses por uma auditoria externa deste caso altamente problemático; ou que pelo menos me permitisse manter minha posição enquanto o assunto corresse na justiça”, ela disse à Science, via e-mail. “Este caso urgentemente destaca a necessidade de tribunais independentes que possam examinar de forma profunda situações contestáveis como a minha”.
Boa parte do instituto parece estar apoiando a arqueóloga, embora ninguém tenha vindo a público para abordar isso diretamente. Segundo a Science, algumas pessoas afirmam que esse é um caso de tratamento injusto que ressalta a necessidade de uma participação feminina maior na administração da organização. Contando Boivin, apenas 15% dos seus 304 diretores são mulheres – e o gênero feminino ocupa posições de menor gestão nas pesquisas, ao contrário dos homens.
“O fato de que o instituto falhou em rebaixá-la da outra vez diz muito sobre o mérito das acusações atuais contra ela”, disse outra pesquisadora, também em condição de anonimato.
A área dirigida por Boivin é definida como “arqueologia”, mas na verdade aplica vários conceitos de genética e biologia em descobertas que remontam ao passado da espécie humana. A grosso modo, a popularmente chamada “arqueobiologia” visa estabelecer, por exemplo, a ocorrência de doenças ou hábitos alimentares e sociais de humanos antigos com base no encontro e análise de fósseis e restos fossilizados.
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Fonte: Olhar Digital
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