Você leva seu celular a reuniões de trabalho? Se a resposta for “sim”, ela é bem diferente do que pensa Margrethe Vestager, política dinamarquesa que chefia a área de tecnologia na União Europeia (UE). Vice-presidente executiva da Comissão Europeia, ela deixa deixa tudo do lado de fora para evitar espionagem digital.

Inclusive, quem quiser chegar a um acordo com a chefe de tecnologia do bloco econômico, a resposta correta é sempre “não” para aquela primeira pergunta. Funcionários também. “Devemos ser cuidadosos, sempre cuidadosos, para não ter telefones na sala quando houver discussões críticas”, disse, nesta quinta-feira (21).

“Eu deixo meus telefones e meu iPad fora da sala antes de entrar”, emendou Vestager.

A decisão da vice-presidente executiva da Comissão Europeia não é de se questionar. Em 2021, uma investigação revelou que a tecnologia de spyware Pegasus da empresa israelense NSO Group Ltd. foi usada para espionar jornalistas, ativistas e executivos de negócios.

Entre os alvos da espionagem digital, estavam líderes mundiais como o presidente francês Emmanuel Macron e o primeiro-ministro da África do Sul Cyril Ramaphosa. Celulares de funcionários de governo e pelo menos 180 jornalistas também foram alvejados. Um dos governos acusados de usar a tecnologia para bisbilhotar críticos foi a Hungria.

Será que vale arriscar levar o celular a reuniões? Não para Margrethe Vestager. Imagem: Shutterstock

“Podemos cuidar de nós mesmos e de nossa própria segurança dentro da comissão e de diferentes órgãos e agências, mas também é importante que os estados membros se concentrem nisso para garantir que não haja vigilância ilegal”, avaliou Vestager.

A política dinamarquesa, apesar de deixar o celular de fora de reuniões, porém, afirmou que é muito “chata” para ser um alvo interessante para os espiões. “A maior parte do meu feed é tão chato que, mesmo que você tivesse acesso a ele, você pensaria, meu Deus, essa mulher não tem vida”, completou.

Margrethe Vestager é também a chefe antitruste da União Europeia, que vem investigando a atuação de diversas gigantes da tecnologia no Velho Continente.

Via: Bloomberg