O Internacional acertou, no início desta semana, a contratação do técnico Mano Menezes para substituir o uruguaio Alexander Medina, demitido após seguidas eliminações e uma arrancada ruim na Copa Sul-Americana.
Com a novidade na casamata, o Inter quebra a sina de técnicos estrangeiros na gestão Alessandro Barcellos. O gaúcho de 59 anos é o primeiro treinador brasileiro do presidente em exercício do Colorado.
Além da mudança da nacionalidade, chama a atenção as alterações constantes de filosofia, numa verdadeira montanha-russa de metodologias, que vêm desde Eduardo Coudet, ainda em 2020, contratado pelo próprio Alessandro Barcellos enquanto vice de futebol na época de Chacho.
De Chacho Coudet para Abel Braga em 2020
O ano de 2020 raiou para o Internacional com intenções de mudanças no padrão de jogo da equipe. Disposto a sair de um time reativo para propositivo, o Colorado foi até Buenos Aires buscar um nome diferente, mas com a filosofia ideal para a ruptura, que vinha de dois anos com Odair Hellmann.
Para o projeto, foi escolhido o nome de Eduardo “Chacho” Coudet, campeão argentino com o Racing, e nome forte da escola de técnicos do vizinho sul-americano. Logo de cara, a intensidade da equipe chamou a atenção. Velocidade de recomposição, jogo variado, posse de bola e marcação pressão eram características clássicas da equipe de Chacho. O encanto foi imediato, embora a pandemia tenha atrapalhado o contato com o torcedor.
No entanto, nem tudo foram flores! A saída de Alessandro Barcellos para a oposição estremeceu a relação com o restante da diretoria, e Coudet deixaria de ser unanimidade no Colorado. Apesar da liderança no Brasileiro, vaga encaminhada na fase de grupos da Libertadores e o bom momento na Copa do Brasil, Coudet não resistiu às críticas e deixou o clube rumo ao sonho europeu de treinar o Celta de Vigo.
Para o lugar do argentino, a diretoria, já sem Barcellos participando, foi na certeza de um nome de segurança. A escolha? O experiente Abel Braga. Propondo a volta de um time mais reativo, Abel usou linhas baixas para marcar, concedeu a posse ao adversário e trabalhou a transição defesa e ataque com primor. Deu liga!
Apesar das eliminações na Copa Libertadores e na Copa do Brasil, Abel garantiu o vice-campeonato brasileiro, que só não virou título por 20 centímetros entre Edenílson e o último homem da defesa do Corinthians nos acréscimos…
Na reta final do Brasileirão de 2020, realizada já no ano seguinte, Abel Braga foi avisado de que não estava nos planos da nova gestão eleita, comandada pelo presidente Alessandro Barcellos, para a temporada seguinte. Ainda com a ideia de futebol propositivo e de nova metodologia no Internacional, o Colorado foi atrás de outro estrangeiro para conduzir o projeto.
De Miguel Ángel Ramirez para Diego Aguirre em 2021
O nome de Miguel Ángel Ramirez era falado aos quatro cantos da América do Sul. O sucesso com o Independiente del Valle, do Equador, e a surpreendente goleada diante do Flamengo na Libertadores de 2020, fez o nome do treinador ser requisitado nas grandes equipes do continente. Ao fim, o espanhol acertou com o Inter para iniciar um projeto de médio e longo prazo.
Com a proposta do jogo de posição, manutenção da posse de bola e a marcação em linhas altas, o treinador chegou impressionando pela sua metodologia de treinamentos e também pelos resultados expressivos conquistados (como goleadas diante de Táchira e Olimpia pela fase de grupos da Libertadores).
No entanto, o trabalho foi perdendo o gás. A perda do Campeonato Gaúcho para o Grêmio estremeceu o projeto, que ganhava pressão constante por parte de diretores e da imprensa. A gota d’água foi a goleada sofrida para o Fortaleza por 5 a 1, na Arena Castelão, que colocou fim ao trabalho de Ramirez com apenas 101 dias à frente da equipe.
Seguindo na tecla do técnico estrangeiro, Barcellos foi atrás de um velho conhecido da torcida, capaz de apaziguar os ânimos e fazer a gestão adequada do grupo. Identificado com o clube, o uruguaio Diego Aguirre foi o escolhido, mesmo que sem unanimidade, para comandar a equipe no restante do Brasileirão.
Entre altos e baixos, a metodologia de Aguirre consistia entre alternar blocos baixos e altos. A posse de bola seria mero detalhe, pois o foco era a marcação no campo central, sustentada pelos homens de meio-campo. Sem dar continuidade à filosofia de Ramirez e com proposta bastante diversa, o Inter fez um Brasileirão apático, com raros momentos de brilho.
Sem a vaga na Libertadores, coube ao Inter dar um novo “reset” no projeto de reconstrução, antes marcado para 2021, agora no ano seguinte. Foi assim que o nome de Alexander “Cacique” Medina chegou ao Colorado, principalmente por seu currículo de projeto longo e de amplo sucesso conduzido no Talleres, da Argentina.
De Alexander Medina para Mano Menezes em 2022
A chegada de Medina decretou mais uma mudança na forma de jogar do Colorado. Se com Ramirez a proposta era o jogo de posição e com Aguirre uma proposta de reação, com Cacique seria a intensidade no último terço de campo, similar ao que conduzia no Talleres entre os anos de 2019 e 2021, e que garantiu o vice-campeonato da Copa Argentina à modesta equipe de Córdoba.
Pensando no médio e longo prazo, Cacique, em várias de suas entrevistas coletivas, bateu na tecla sobre a necessidade de ter paciência e crença no projeto. Em muitos momentos, inclusive, Medina minimizou os insucessos no desempenho de sua equipe em campo.
“Tem que ter paciência para que as coisas aconteçam ou mudem de rumo. Óbvio que sabemos que temos que melhorar. Sou autocrítico. Vejo evolução em alguns jogadores”, disse o uruguaio após vitória sobre o Aimoré, pelo Gauchão, no dia 6 de março.
Sem conseguir colocar sua metodologia à prova, Medina deixou o Inter com aproveitamento de 47%, após apenas 17 partidas dirigidas, nas quais conseguiu seis vitórias, seis empates e cinco derrotas. Para o lugar do uruguaio, apostou-se na vanguarda e no currículo de Mano Menezes.
Conhecido por ser um técnico que pauta suas equipes na marcação forte, Mano Menezes é mais um nome de uma montanha-russa sem caminho, conduzida pelo Internacional desde a demissão de Odair Hellmann, o último a conseguir completar um ano inteiro de trabalho no cargo, ainda em 2018.
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Fonte: Ogol
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