Diversas cidades da China estão enfrentando um novo surto de Covid-19. Neste domingo (24), por exemplo, Xangai, que é a responsável por 95% dos novos casos no país, registrou mais 39 mortes, somando um total de 87 óbitos nos últimos dias na cidade. Com a escalada de novas infecções, a cidade adotou medidas mais restritivas e urgentes para conter a doença, o que afetou a cadeia de suprimentos da região e consequentemente as exportações – como as suas comprinhas pela Shein ou Shopee.
Por que a nova onda de Covid-19 em Xangai, na China, pode atrasar as minhas compras?
Xangai tem 25 milhões de habitantes e um peso vital para a economia do país. A cidade aloca um dos portos de carga mais importantes para o comércio internacional sendo nos últimos dez anos o maior porto do mundo em termos movimentação de cargas. Em 2021, o porto de Xangai foi responsável por 17% do tráfego de contêineres e 27% das exportações da China.
De acordo com reportagem da BBC News, o confinamento severo ao qual a cidade foi submetida dificulta a chegada dos caminhões para levar as mercadorias a outros locais ou distribuí-las às fábricas próximas. Muitas indústrias, como a Volkswagen e a Tesla, por exemplo, tiveram que suspender suas atividades diante da dificuldade operacional.
“As restrições afetam principalmente as estradas de entrada e saída do porto, resultando em um acúmulo de contêineres e uma redução de 30% na produtividade”, explicou Mike Kerley, gerente de investimentos da empresa Janus Henderson.
Além disso, a falta de trabalhadores para processar as partes burocráticas – como documentos para embarque e desembarque – e inspeção para liberação de produtos também colabora para o atraso de despacho. Outros problemas apontados com isso, resultado de um efeito dominó, também são; o acúmulo de barcos e navios e também dos contêineres. Apesar do porto continuar funcionando, a situação coloca em xeque a recuperação econômica do país após dois anos de pandemia.
De acordo com dados da Câmara de Comércio da União Europeia, estima-se que há 40% a 50% menos caminhões disponíveis em Xangai e que menos de 30% da força de trabalho da cidade pode retornar as atividades. As medidas impostas pela China nesta nova onda determinaram que todos que fossem diagnosticados com a doença ficassem em quarentena, mesmo que não apresentem sintomas.
Na última quinta-feira (21) a cidade determinou a flexibilização das medidas, autorizando que mais de 12 milhões de pessoas – cerca da metade dos habitantes – voltem a circular, contudo, apenas em seus bairros.
Exportações para América Latina
Entre os principais produtos exportados pelo porto de Xangai estão; máquinas de lavar, aspiradores, painéis solares, componentes eletrônicos e têxteis. As consequências globais são cadeias de suprimentos tensas, fluxo lento de importações e aumento da inflação, principalmente para a América Latina.
“Há muita preocupação de que as exportações sejam afetadas e do impacto inflacionário no mundo, inclusive na América Latina, que é um grande parceiro comercial da China”, alertou Alicia García-Herrero, economista-chefe para Ásia-Pacífico do banco de investimentos Natixis.
“Embora as autoridades já tenham notado os problemas e começado a tomar medidas nos últimos dias, é provável que as interrupções (na cadeia de suprimentos) se estendam por todo o mundo dentro de 3 a 6 semanas e durem ao menos até o final do segundo trimestre”, acrescentou um comunicado de analistas do Bank of America.
De acordo com análise do professor de Economia e Finanças da NYU Shanghai à BBC News Mundo, a situação deve melhorar em meados de maio.
Fonte: Olhar Digital
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