Por causa do Covid-19, a lacuna digital entre conectados e desconectados se intensificou, trazendo um novo senso de urgência à agenda de inclusão digital em todo o mundo. A demanda para estender os serviços de banda larga para áreas rurais e populações remotas está crescendo constantemente à medida que empresas, instituições governamentais e usuários finais dependem de acesso confiável a serviços em nuvem, conteúdo de mídia avançada e aplicativos com uso intensivo de dados, como e-learning e e-health.
Essa lacuna digital se agravou para a América Latina e o Caribe (ALC), uma das regiões mais afetadas pela pandemia em relação a taxa de infecção e impacto econômico. De acordo com o Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF), em toda a região cerca de 244 milhões de pessoas ainda não têm acesso à Internet e apenas quatro em cada dez domicílios têm conexão de banda larga fixa.
No Brasil, de acordo com a pesquisa TIC Domicílios 2020, realizada pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), o número de pessoas sem acesso à internet corresponde a 19% da população com mais de 10 anos; são mais de 35,6 milhões de brasileiros que não puderam continuar trabalhando ou estudando remotamente quando a pandemia chegou. Além disso, um relatório recente do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e da Microsoft também destacou importantes desafios para o desenvolvimento sustentável, já que metade dos países da região não possui agendas para o avanço digital.
É claro que acelerar o acesso digital na região aumentaria a inclusão social, financeira, educacional e de saúde, especialmente à medida que os países continuam se adaptando e respondendo à pandemia. No entanto, estender a conectividade de alto desempenho para lugares muito além do alcance das redes terrestres existentes deve se tornar uma prioridade para que isso funcione.
Solução unificada de satélite multi-órbita
A boa notícia é que essa não é uma realidade distante. Hoje, uma solução de satélite de várias órbitas que combina alcance superior e alta taxa de transferência pode alcançar vários pontos distantes de maneira rápida e fácil a partir de uma única rede. De acordo com a Euroconsult, mais de um terço da população total desconectada na região da LAC pode ser conectada por serviços de satélite direta ou indiretamente, com serviços como backhaul 3G/4G/5G, tronco IP e hotspots WiFi.
Uma solução multi-órbita completamente unificada permitirá os recursos da rede do futuro – uma rede verdadeiramente interoperável capaz de se adaptar às demandas de tráfego em tempo real. Esta solução também pode ajudar a acelerar o acesso digital na região da LAC por meio de um sistema capaz de entregar gigabits a terabits de capacidade.
Há também a possibilidade de orquestrar esta solução unificada de várias órbitas por meio de um sistema orientado por software, no qual o tráfego pode ser alternado, adaptando-se às demandas de aplicativos conforme necessário. Essa interoperabilidade simultânea é especialmente relevante para a região da ALC, onde dois terços dos países não atendem aos requisitos de velocidade de download necessários para implantar soluções digitais avançadas, conforme indicado em um estudo recente do Comissão Econômica das Nações Unidas para a América Latina e o Caribe (CEPAL).
Portanto, cada vez mais o acesso à conectividade de banda larga de alta velocidade se torna essencial para uma participação efetiva na era digital. A inovação obtida por meio dos satélites de órbitas múltiplas pode fornecer a conexão necessária para que toda a região tenha acesso a serviços de rede resilientes, mesmo para comunidades carentes e vivendo em áreas de difícil acesso. Assim, com investimentos estratégicos, em um curto espaço de tempo, podemos acreditar que os recursos revolucionários da rede do futuro irão acelerar o acesso digital para todos os latino-americanos.
Mario Garcia é VP de Dados Fixos da SES LATAM
Fonte: Olhar Digital
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