Uma mudança de paradigmas bastante notável pode vir nos próximos anos: segundo informações divulgadas pela NASA, a agência espacial americana, uma parceria dela com empresas privadas foi firmada, no intuito de avaliar como essas empresas fariam a gestão de toda a sua estrutura de rede posicionada na baixa órbita da Terra (LEO).

A SpaceX é uma dessas empresas – e a melhor posicionada para agradar a NASA caso a ideia vá em frente. A companhia fundada por Elon Musk já trata de diversos outros serviços para a agência americana dentro de seus programas comerciais.

Contextualizando: desde, bem, sempre, a NASA conta com um sexteto de satélites de baixa órbita chamados “TDRS” para servirem como o ponto de conexão constante entre os astronautas da Estação Espacial Internacional (ISS) e os centros de controle na Terra. Esses mesmos satélites também são responsáveis por permitir que os astronautas consigam interagir com o público – quando você vê uma transmissão ao vivo deles no YouTube ou em algum programa de TV, é o time TDRS quem faz essa conexão. Eles também ajudam o telescópio espacial Hubble em suas pesquisas científicas.

Os três satélites, no entanto, são bem antigos, e a NASA já confirmou que não tem intenção de lançar nenhum modelo atualizado: “nós não vamos lançar nenhum satélite TDRS no futuro”, disse Eli Naffah, gerente do Projeto de Serviços Comerciais da NASA, em um e-mail enviado ao Space.com. “O plano é, basicamente, deixar a constelação chegar ao fim de sua vida útil para criar uma forma diferente de oferecer serviços de comunicação para as nossas missões”.

Desde a década de 1980, três gerações dos satélites TDRS foram lançadas. Entretanto, tudo indica que a NASA agora vá entregar essa demanda para a iniciativa privada – e aqui, a SpaceX leva vantagem. A empresa já tem uma estrutura robusta com os satélites Starlink, a sua plataforma de internet no espaço. Mais além, os foguetes Falcon 9 já se provaram seguros e confiáveis repetidas vezes para executar uma multitude de lançamentos.

“Lá nos anos 1980, quando criamos os TDRS, não havia nenhuma habilidade de oferecer esse serviço de forma comercial”, disse Naffah. “Desde então, porém, a indústria superou com folga o investimento da NASA nesta área. Tem muita infraestrutura, tanto no chão como lá em cima, que é capaz de oferecer essas conexões a uma embarcação espacial”.

Os TDRS estão posicionados a mais ou menos 36 mil quilômetros (km) de altura em relação à superfície, se movimentando em uma órbita geoestacionária. Basicamente, isso significa que eles se alinharam à velocidade de rotação da Terra, girando junto do planeta. Se olhássemos para eles daqui, eles pareciam pontos fixos no céu.

Dos seis satélites em operação lá em cima, três já passam de 20 anos de idade e estão próximos do fim de vida. Até o final desta década, isso deve acontecer com todos eles. Por isso, ao longo dos próximos três anos, a SpaceX – junto da Inmarsat (Reino Unido), Viasat (EUA) e SES (Suíça) – foram comissionadas a desenvolver tecnologias de substituição.

A empreitada representa um desafio tecnológico bem grande para todas as empresas, vale ressaltar, considerando que seus satélites comerciais são desenhados para se conectar a terminais móveis e estações fixas na Terra – por “terminais móveis”, entenda barcos e aviões e trens, por exemplo.

Esses componentes se movem a uma velocidade infinitamente inferior à rotação da Terra. Para fins comparativos, um avião comercial com capacidade de internet via satélite, por exemplo, vai a uma velocidade de 930 km/h. A ISS, em órbita geocêntrica, se move a 28 mil km/h.

Os satélites desenhados para esse projeto deverão compensar essa velocidade, ao mesmo tempo em que fornecerão conexão com zero latência entre os vários artefatos e estruturas que já temos lá em cima e seus controladores na Terra.

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