Uma análise de centenas de horas de observações do Telescópio Espacial Hubble serviu como base de um estudo, publicado no periódico científico The Astrophysical Journal, que revela o que torna alguns exoplanetas incrivelmente quentes.
De acordo com o site Space.com, uma equipe de cientistas analisou as atmosferas de 25 corpos conhecidos como Júpiteres quentes, exoplanetas tão grandes quanto o maior planeta do sistema solar. No entanto, esses corpos orbitam extremamente perto de suas estrelas hospedeiras, ainda mais perto do que Mercúrio orbita ao Sol, o que os torna extremamente quentes.
Esse novo estudo sugere que as atmosferas desses exoplanetas apresentam algum comportamento térmico incomum que pode estar relacionado à sua composição química.
Foram usadas mais de 600 horas de observações do Hubble
Usando mais de 600 horas de observações do Hubble e 400 horas de observações do agora aposentado Telescópio Espacial Spitzer, da NASA, o estudo descobriu que algumas das atmosferas dos Júpiteres quentes estudados contêm altas concentrações de hidrogênio, óxido de titânio, óxido de vanádio e hidreto de ferro.
Essas atmosferas mostraram o que os cientistas chamam de inversão térmica, um fenômeno pelo qual a temperatura atmosférica sobe, em vez de cair conforme aumenta a altitude. Em circunstâncias normais, a temperatura de uma atmosfera é a mais alta perto da superfície e diminui com altitudes à medida que a densidade da atmosfera cai.
Nos dados do Hubble, as atmosferas desses exoplanetas também eram, em média, mais quentes do que aquelas sem esses compostos químicos, atingindo temperaturas de 1.726 graus Celsius. Os cientistas acreditam que pode haver uma ligação direta nisso. Segundo eles, o hidrogênio, o óxido de titânio, o óxido de vanádio e o hidreto de ferro na atmosfera do planeta podem agir como absorventes de luz, travando o calor da estrela próxima.
De acordo com o estudo, algum tipo de ciclo de feedback pode estar acontecendo nesses planetas. As temperaturas quentes mantêm os compostos absorventes de luz estáveis nessas atmosferas, o que, por sua vez, leva as atmosferas a absorver mais luz estelar e a aquecer ainda mais, especialmente nas camadas superiores.
Essa é uma das primeiras pesquisas a olhar para uma população inteira de exoplanetas em vez de casos únicos. “A quantidade de informações que aprendemos sobre a química e a formação [dos exoplanetas] — graças a uma década de intensas campanhas de observação — é incrível”, disse Quentin Changeat, astrofísico da Universidade College London e principal autor do estudo, em um comunicado.
Segundo Changeat, a análise poderia ajudar a prever o comportamento de outros exoplanetas no futuro e desvendar processos relacionados às formações planetárias.
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Fonte: Olhar Digital
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