Já se passaram mais de 20 anos quando descobrimos que a cor dos dinossauros, bem como suas disposições físicas, não se limitavam a “lagartões” escamosos marrons ou cinza-escuros, e que na verdade não só alguns deles tinham até pêlos e penas, a maior parte dos antigos animais que dominaram a Terra tinha cores vibrantes e notáveis.

Hoje, já temos uma ciência bem maior de como era o visual da maioria dos dinossauros, mas como foi que chegamos a essa conclusão? E mais além, como podemos determinar a veracidade disso nos dias atuais?

Ao contrário do que diz a cultura pop, dinossauros tinham cores vibrantes, e nós sabemos exatamente como determiná-las graças a bolsas microscópicas de melanina encontradas em fósseis
Ao contrário do que diz a cultura pop, dinossauros tinham cores vibrantes, e nós sabemos exatamente como determiná-las graças a bolsas microscópicas de melanina encontradas em fósseis (Imagem: Daniel Eskridge/Shutterstock)

Bom, a resposta está nos animais contemporâneos e alguns de seus antepassados, de acordo com Jakob Vinther, professor associado de Macroevolução da Universidade de Bristol, no Reino Unido. Em entrevista ao LiveScience, ele comentou como fez a sua descoberta por acidente.

“Eu estava analisando a tinta fossilizada de lulas e polvos ancestrais”, disse o especialista. “Estava surpreendentemente bem preservada. Você pode extrair a tinta de uma lula ou polvo atuais comprados em alguma feira e olhar para ela por um microscópio eletrônico: você verá pequenas bolinhas, perfeitamente redondas. E se você olhar para a tinta fossilizada, verá o mesmo visual: bolinhas perfeitamente redondas”.

De acordo com Vinther, essas “bolinhas” são chamadas “melanossomas”. Basicamente, são pequenos objetos esféricos cheios de melanina, a mesma substância que dá cor ao cabelo, pele, olhos, pêlos e penas por todo o reino animal. Antigamente, nós erroneamente pensamos que esse dispositivo era apenas um conjunto de bactérias que se fossilizaram no corpo dos dinossauros. Bem, pensamos errado.

A pesquisa de Vinther quebra um mito bem antigo na ciência, de que a melanina não poderia sobreviver ao processo de fossilização. Bem, não só ela pode, como ela nos conta exatamente qual era a cor do ser vivo de onde ela foi extraída – graças ao fato de ela tomar formas específicas que ditam qual cor ela vai produzir.

“Se você olhar para uma pessoa com cabelos pretos ou um pássaro com penas pretas, esses melanossomas parecem salsichas”, disse o pesquisador. “Se você é ruivo — como o peito de um tordo [um tipo de pássaro do norte dos EUA] ou o cabelo do Carrot Top [comediante americano, nome real: Scott Thompson] — então eles terão formas de bolinhos de carne. Então basicamente, você está procurando por salsichas ou bolinhos, e com essa informação, você determina a cor de animais extintos quando eles estavam vivos”.

Em termos práticos, é o formato do melanossoma que vai determinar como ele interage com a luz e, consequentemente, reproduzir essa ou aquela cor. No caso dos dinossauros, havia uma predominância por melanossomas grandes e gordos (pigmentação azulada ou cinza) e também alguns achatados ou vazios – um sinal de iridescência e aspectos mais metálicos.

Com base nesse conhecimento, é possível determinar outros aspectos dos animais: por exemplo, dinossauros conhecidos por serem assustadores eram bastante chamativos. Pense no primeiro Jurassic Park, onde os velociraptors estão perseguindo as crianças por uma cozinha – na realidade, eles não seriam aqueles animais pelados e escamosos, mas sim multicoloridos e cheios de penas, quase metálicos, visualmente falando.

Paralelamente, dinossauros com um caráter mais defensivo apresentavam cores menos chamativas, a fim de criar uma camuflagem natural e se misturar ao ambiente próximo.

Essa descoberta também ajuda a determinar o habitat do animal: onde houvesse grande contraste de cores, o dinossauro provavelmente vivia em regiões abertas, com grande incidência de luz. Cores menos evidentes, por outro lado, indicavam uma vivência em florestas, onde o Sol era mais difuso.

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