Conforme as tecnologias de exploração espacial avançam, já há quem se pergunte qual será a melhor forma de se obter a eficiência energética na nossa eventual presença em Marte: será que devemos apostar na energia solar ou é melhor investir em uma já comprovada estrutura nuclear?
A resposta é uma só, segundo um novo estudo publicado no jornal científico Frontiers in Astronomy and Space Sciences: “depende”.
Apesar de todo o estigma carregado por acidentes catastróficos do passado, a energia nuclear é considerada “extremamente segura”, segundo a ONU. Ela funciona pela realização da fissão de átomos de urânio – basicamente, partir esses átomos para gerar energia. É uma forma de alimentação energética limpa, sem danos às pessoas nem ao meio ambiente.
Por outro lado, a energia solar, embora inferior em capacidade e funcionando apenas, bem, quando tem Sol (ou seja: durante a noite, os sistemas estariam usando reservas energéticas), poderia representar um salto tecnológico bem grande considerando o fato de que Marte tem uma atmosfera muito fina e a incidência da nossa estrela no planeta é imensamente maior do que na superfície da Terra.
Pensando nisso, pesquisadores da Universidade da Califórnia-Berkeley consideraram o cenário de uma missão tripulada com seis astronautas. Ao final do estudo, a conclusão foi que a energia solar teria mais benefícios de médio e longo prazo, mas nas regiões polares de Marte, a energia nuclear levaria vantagem.
Isso porque nas regiões polares, o ambiente é mais extremo, com ventos mais intensos e menor incidência da luz do Sol. Neste ambiente, a estrutura nuclear mais robusta produziria uma maior capacidade energética, mantendo a missão alimentada por mais tempo e com mais intensidade.
Por outro lado, no “equador” marciano, a instalação de painéis solares contribuiria para um custo menor de manutenção da missão, com astronautas podendo limpar pessoalmente os painéis solares de poeiras e acúmulo de partículas (isso é um problema constante: tempestades de areia em Marte mataram o rover Opportunity em 2018 simplesmente por sujá-lo demais) e tirando proveito da maior incidência do Sol na superfície centralizada do planeta vermelho.
Mais além, considerando o volume de hidrogênio encontrado em Marte, a extração deste gás também beneficiaria o armazenamento de energia advinda do Sol. Basicamente, esse sistema veria os painéis solares usarem eletricidade para dividir moléculas de oxigênio e hidrogênio, com este último podendo ser armazenado em recipientes pressurizados. Depois, o hidrogênio poderia ser eletrificado em células para produzir energia. Qualquer excedente poderia ser reaproveitado depois.
“A esperança é que possamos construir um modelo completo desses sistemas, com todos os seus componentes, como forma de ajudar a planejar missões tripuladas para Marte, avaliar ganhos e custos, identificar riscos e desenvolver estratégias que os minimizem ou antes ou durante essas missões”, disse Aaron Berliner, estudante de graduação em Bioengenharia pela instituição acadêmica e autor primário do estudo.
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Fonte: Olhar Digital
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