O primeiro trimestre de 2022 não foi nada bom para a Amazon. Pela primeira vez desde 2015, a gigante norte-americana do varejo registrou prejuízo, com a queda nas compras e aumento de custos por inflação, situações trabalhistas e problemas na cadeia de suprimentos.

Apesar de declarar prejuízo, a receita da Amazon aumentou 7% entre os meses de janeiro e março. O número representa, porém, o ritmo mais lento em quase 20 anos. Isso porque, com a abertura das lojas em um momento de ampla vacinação após dois anos de pandemia da Covid-19, os consumidores voltaram a gastar dinheiro em unidades físicas.

Assim, a big tech registra uma perda de US$ 3,8 bilhões no trimestre, em comparação com o lucro de US$ 8,1 bilhões no mesmo período do ano anterior. Mais uma vez, a explicação é o coronavírus, já que no auge do isolamento os consumidores não tinham muita opção, além de comprar pela internet.

Com os números apresentados nesta quinta-feira (28), as ações da companhia fundada pelo bilionário Jeff Bezos caíram 9% nas negociações após o expediente. “Este foi um trimestre difícil para a Amazon, com tendências em todas as áreas-chave dos negócios indo na direção errada e uma perspectiva fraca para o segundo trimestre”, disse, à agência internacional de notícias Reuters, o analista principal da Insider Intelligence, Andrew Lipsman.

A varejista viu as despesas aumentarem por precisar oferecer salários melhores para atrair trabalhadores. Além disso, um dos centros de distribuição, em Nova York, votou pela criação do primeiro sindicato da Amazon nos Estados Unidos. O preço do combustível também dificulta as vendas, já que os clientes acabam tendo outros gastos.

Além de tudo, aumentar o preço para os assinantes Prime não deve ser o suficiente. Assim, a companhia espera perder até US$ 1 bilhão em receita operacional neste trimestre, ou faturar até US$ 3 bilhões. O lucro operacional no mesmo período de 2021 foi de US$ 7,7 bilhões.

Armazém, centro de distribuição da Amazon
Os gastos operacionais aumentaram para a Amazon. Imagem: Frederic Legrand – COMEO / Shutterstock

Outro detalhe foi o prejuízo na participação na Rivian, empresa na qual a Amazon investiu em 2019, para uma frota de entrega elétrica. Com participação de 20% na companhia, o preço das ações caíram mais da metade desde o começo do ano.

As vendas líquidas da empresa de Bezos foram de US$ 116,4 bilhões. Na América do Norte, houve um crescimento de 8% nas vendas, com aumento de 16% nas despesas operacionais. A ideia agora é otimizar transferências entre armazéns para conter esse gasto.

O lado positivo para a Amazon

O ponto positivo ficou com a Amazon Web Services. A unidade de computação em nuvem da companhia aumentou a receita em 37%, chegando a US$ 18,4 bilhões. Também houve crescimento nos negócios de publicidade da companhia.

Para os próximos meses a projeção de crescimento de vendas é de 3%. “A pandemia e a guerra subsequente na Ucrânia trouxeram crescimento e desafios incomuns”, disse o CEO Andy Jassy. Nesta sexta-feira (29), as ações da empresa caíram 12% no início das negociações.

Via: The Wall Street Journal / Reuters / BBC