Um estudo realizado pela Universidade de Buenos Aires, na Argentina, revelou que colocar uma música de fundo enquanto dirige interfere na maneira como o motorista conduz o veículo, o deixando menos cauteloso. Em outras palavras, os pesquisadores buscaram observar se a música no rádio do carro modula as tomadas de decisões ao volante.
Para realizar suas análises, o estudo não tocou diferentes estilos musicais, mas selecionou uma música específica, em que foi alterado apenas um parâmetro: o andamento. A partir disso, o pesquisador Agustín Perez Santangelo e seus colegas observaram dois aspectos individuais de uma tomada de decisão: velocidade e precisão.
Um total de 32 participantes completaram uma série de tarefas três vezes: em silêncio, enquanto ouviam a música tocada a 40 batimentos por minuto (BPM) e enquanto ouviam a mesma música tocada a 190 BMP. A música escolhida foi a peça instrumental clássica Flight of the Bumblebee (O Voo da Abelha, em tradução simples), do compositor russo Nikolai Rimsky-Korsakov.
No total, os pesquisadores reuniram dados sobre mais de 100 mil decisões individuais de diferentes tipos e níveis de dificuldade. Havia tarefas perceptivas (os participantes tinham que decidir se uma nuvem de pontos em uma tela estava se movendo para a esquerda ou para a direita, por exemplo). Uma tarefa de conhecimento geral também foi implementada, além de uma tarefa de categorização lexical (uma sequência de cinco a oito letras era exibida e os participantes tinham que decidir se era uma palavra ou não).
Decisões mais rápidas, precisão menor
A principal conclusão do estudo da Universidade de Buenos Aires foi que a existência da música (contra o silêncio), independentemente do seu andamento, afetou o desempenho de todas as tarefas, fazendo com que os participantes tomassem decisões mais rápidas, porém menos precisas. Segundo os pesquisadores, o ritmo não pareceu influenciar muito (quer a música estivesse mais rápida ou mais lenta).
Em seus relatos, os participantes do estudo disseram sentir mais excitação fisiológica ao ouvir a versão rápida versus a lenta, mas isso não se traduziu em respostas relativamente mais rápidas. Pelas perspectivas, a música de fundo causou uma mudança no próprio processo de tomada de decisão, que reduziu a quantidade de dados que os cérebros dos participantes precisavam para chegar a uma decisão.
Kanye West não faz bem para o alcance dos carros elétricos
Em um outro estudo recente, desta vez conduzido pela Kia no Reino Unido, foi observado se a música poderia interferir no alcance dos carros elétricos. Mais precisamente, se o motorista teria uma direção mais eficiente conforme o que está tocando no rádio.
No experimento da montadora coreana, todos os participantes tinham zero experiência anterior com veículos elétricos e tiveram que completar uma rota fixa em um Kia EV6 enquanto ouviam desde a Sinfonia n.º 9 de Ludwig Van Beethoven a hits como Blinding Lights, do cantor The Weeknd. Segundo o estudo, as composições sinfônicas famosas de artistas clássicos (e músicas afins) “podem ajudar os motoristas a manter a bateria muito melhor do que outros tipos de gêneros musicais e artistas, incluindo The Weeknd, Kanye West e Adele”.
Assim, a Kia viu que a música clássica oferece o melhor alcance de condução para os carros elétricos (com o carro testado), com os participantes dirigindo até quatro vezes mais eficientemente enquanto ouvem Beethoven em comparação com outros gêneros musicais. Por outro lado, músicas pop com um ritmo mais alto resultaram em um estilo de direção mais animado, o que tornou o carro duas vezes mais ineficiente.
Imagem: u_o53ie9it/Pixabay/CC
Fonte: Olhar Digital
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