No Brasil, as pessoas poderão receber transplante de órgãos de porcos já em 2025, segundo estimativas de pesquisadores brasileiros. As informações são da Folha de São Paulo e seguem uma linha otimista, como a que vimos em outubro do ano passado.
Para esse tipo de trabalho, há uma modificação dos genes dos porcos (que possuem órgãos semelhantes aos do ser humano) para evitar a rejeição pelo organismo do paciente. Os primeiros transplantes a partir de 2025 no Brasil, segundo as previsões otimistas, serão de rins. Detalhe: não será necessário retirar o rim humano. Assim, caso haja alguma intercorrência, o rim poderá ser “religado”, com o paciente voltando à hemodiálise.
Em outubro, os estudos nesse sentido buscavam investimentos necessários, inclusive para a construção de um criadouro biosseguro (pig facility), para a criação dos porcos fornecedores de órgãos. Em março, o governo de São Paulo anunciou um montante de R$ 50 milhões para o desenvolvimento de pesquisas sobre xenotransplantes, em uma parceria entre o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e a startup XenoBrasil.
Com o investimento, será construída no campus da USP, em São Paulo, a estrutura do projeto. No local, dividido em três pavimentos, haverá uma pig facility, aguardada para o final de 2023. Mayana Zatz, geneticista e uma das responsáveis pela iniciativa, acredita que, estando pronta a pig facility, “em um ano talvez seja suficiente para fazer os primeiros transplantes”.
Segundo Zatz, algumas novas tecnologias estão permitindo modificar os genes suínos, por isso eles podem ser doadores de órgãos. “Se a gente transplanta o órgão de um suíno para um ser humano, ocorre uma rejeição aguda. Com a tecnologia, foi possível silenciar três genes principais dos suínos que são responsáveis por essa rejeição aguda. Esses genes foram silenciados, não existem mais nos embriões que criamos”.
Além dos rins de porcos
Silvano Raia, coordenador do projeto, diz que o xenotransplante busca reduzir ou mesmo evitar as listas de espera nas quais muitos inscritos morrem antes de serem transplantados. O professor traz que uma pig facility provisória por biomódulos já possui recursos financeiros para ser construída e entregue em 180 dias – adiantando experiências pré-clínicas.
Dessa forma, daqui a dois anos, poderão ser iniciadas na instalação definitiva a criação de suínos e sua aplicação clínica. Depois dos rins, outros órgãos de suínos estão previstos para entrar aos poucos na lista de transplantes, como coração e fígado, conforme o andamento dos estudos dos imunossupressores (os medicamentos que evitam a rejeição).
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Imagem: Mark Agnor/iStock
Fonte: Olhar Digital
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