Uma pesquisa da empresa americana Mozilla, responsável pelo navegador Firefox, mostrou que os apps focados em saúde mental e orações são os que têm as piores proteções de privacidade no mercado. De acordo com Jen Caltrider, líder do guia para ‘Privacidade não incluída’, a grande maioria destes aplicativos são “excepcionalmente assustadores” no que tange à segurança.
“Eles rastreiam, compartilham e capitalizam em cima dos pensamentos e sentimentos mais íntimos dos usuários, como humor, estado mental e dados biométricos”, afirma a especialista, em entrevista ao The Verge.
Entre os apps de saúde mental listados pela Mozilla como detentores das piores práticas, estão Better Help, Youper, Woebot, Talkspace e Pray.com. O chatbot do Woebot, por exemplo, coleta informações sobre usuários e as compartilha com terceiros para fins publicitários. Já o terapêutico Talkspace coleta transcrições do bate-papo do usuário.
Na última versão do guia, a equipe da Mozilla analisou 32 apps de saúde mental e oração. Deste total, 91% (29) receberam o rótulo de “privacidade não incluída”, indicando um mau gerenciamento dos dados do usuários.
De acordo com o grupo, apps focados em assuntos deste tipo coletam uma grande quantidade de dados pessoais sob políticas de privacidade vagas. A maioria dos apps também possui péssimas práticas de segurança, permitindo que os usuários criassem contas com senhas fracas — mesmo estes incluindo informações muito profundas.
No comunicado, a Mozilla afirmou que entrou em contato com diversas empresas por trás desses apps, mas apenas três responderam.
Pandemia de Covid-19 aumentou procura por apps
A pandemia de Covid-19 foi um enorme gatilho para a procura por aplicativos de saúde mental, quando muitas pessoas começaram a precisar de cuidados e, muitas vezes, não tinham acesso ao acolhimento tradicional. Afinal, a maioria dos terapeutas tem longas listas de espera e os convênios médicos às vezes não oferecem profissionais suficientes.
Justamente por causa disso, a Mozilla afirma na pesquisa que seria importante um maior cuidado com a privacidade dos usuários, pois muitas vezes os apps são sua única ajuda. “Eles operam como máquinas de sucção de dados com um verniz de apps de saúde mental”, disse o pesquisador Misha Rykov. “Em outras palavras: um lobo em pele de cordeiro.”
Crédito da imagem principal: Fizkes/Shutterstock
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Fonte: Olhar Digital
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