Soldados russos roubaram quase US$ 5 milhões em equipamentos agrícolas John Deere de uma concessionária da empresa localizada em Melitopol, Ucrânia. Com direito a duas colheitadeiras, um trator e uma semeadora, o total de 27 veículos e máquinas foi levado por caminhões para vilas próximas da cidade ucraniana e para a região russa da Chechênia, a 1.100 km de distância.

Acontece que os russos acabaram não conseguindo usar os produtos roubados – convertendo diretamente, em valores aproximados de R$ 25 milhões ao todo hoje (3), com cada colheitadeira em cerca de R$ 1,5 milhão. Dotados de tecnologia GPS e recurso de travamento remoto da John Deere, os equipamentos foram rastreados e bloqueados.

“Quando os invasores levaram as colheitadeiras roubadas para a Chechênia, perceberam que não podiam nem ligá-las. Porque as colheitadeiras estavam trancadas remotamente”, traz uma fonte à reportagem da CNN.

Agora, as tropas russas buscam encontrar uma maneira de contornar a situação, tratando com especialistas na Rússia capazes de quebrar a proteção de software dos equipamentos da John Deere. Algo que não parece ser fácil (e não só nesse caso do roubo).

Controle remoto da John Deere

A John Deere tem sido o centro de um debate sobre o direito de reparo, já que seu software proprietário impede que os agricultores consertem seus próprios equipamentos. Como este caso de maquinário agrícola roubado pelos russos mostrou, a empresa chega a ser livre para desligar os itens que fabrica sempre que quiser (mesmo após terem sido adquiridos por clientes).

Em 2020, a John Deere alegou que “nunca ativou essa capacidade [de controlar remotamente], exceto em equipamentos de construção na China, onde os termos de financiamento exigem isso”. De qualquer forma, alguns fazendeiros chegam ao ponto de baixar firmware pirata da empresa para escapar desse nível de acesso remoto que ela possui.

Imagem: Colheitadeira Série T da John Deere para simples ilustração/Divulgação/John Deere