A crise imposta pela pandemia de Covid-19 também atingiu o setor manufatureiro dos EUA. Além disso, há impactos negativos em toda a cadeia produtiva em razão das restrições existentes na China, assim como o enorme congestionamento de navios e cargas que atinge o porto de Xangai, o maior do mundo. O crescimento do setor fabril norte-americano é o mais lento dos últimos 18 meses. 

Crise na cadeia de suprimentos 

Apesar de algumas marcas de tecnologia terem registrado lucros recordes no último ano, há um grande problema que atinge as indústrias manufatureiras, de máquinas, informática, produtos eletrônicos, equipamentos de transporte e setor automobilístico: a falta de chips no mercado.  

Há também impactos no segmento de produtos químicos, principalmente por conta das paralisações de fornecedores em Xangai e os longos atrasos nos portos, inclusive nos Estados Unidos.  

Até mesmo a indústria de alimentos vem sofrendo com a ausência de alguns insumos. Segundo o engenheiro e especialista em logística, Antonio Wrobleski, o resultado desse novo fantasma da pandemia pode ser sentido em todo o mundo, principalmente diante do aumento da inflação. 

“É uma reação em cadeia, falta peça para a fabricação de um carro, a montadora para sua produção, manda o funcionário para casa, acaba subindo o preço dos veículos e a roda econômica trava, pois também falta dinheiro para o consumo, é ruim para todos”, alerta Wrobleski. Com essa problemática, o desemprego deve ficar ainda mais acentuado em todos os setores da cadeia produtiva. 

“Esperamos um ritmo um pouco mais lento de crescimento mensal do emprego nos próximos meses, pois a falta de mão de obra disponível restringe as contratações”, disse Veronica Clark, economista do Citigroup em Nova York. 

Fábrica da Chevrolet em São Caetano do Sul (SP); semicondutores afetam produção de carros. Imagem: Divulgação/GM
Crise no fornecimento de componentes, como chips, tem afetado em cheio às montadoras de veículos; a mais recente a anunciar férias coletivas de 20 dias foi a Volkswagen de São Bernardo do Campo (20). Imagem: Divulgação/GM

Leia mais:  

Juros mais altos e queda na renda 

Nesta quarta-feira (4), existe uma previsão de que o Federal Reserve aumente as taxas de juros em meio ponto percentual como medida de combate à inflação. O banco central dos EUA é um termômetro da economia mundial, ou seja, o momento ainda é bem delicado. 

Ao aumentar os juros, ocorre um impacto negativo no mercado acionário, pois os financiamentos ficam mais caros e as empresas investem menos, com nítido aumento dos custos, redução da renda e dos lucros. 

Situação que se torna ainda mais problemática nos países menos favorecidos economicamente falando, como na América Latina. 

“A inflação vai continuar por um tempo. Os preços de muitos bens levarão algum tempo para se estabilizar, e aqui na América Latina a tendência é ser ainda pior, pois os preços de transporte para cá já estão muito mais altos, e isso acaba refletindo no bolso do consumidor final”, analisa Wrobleski.

Via: Reuters

Já assistiu aos novos vídeos no YouTube do Olhar Digital? Inscreva-se no canal!