Um menino chinês de apenas 13 anos passou 66 dias vivendo sozinho em casa enquanto seus pais acabaram ficando presos em Xangai durante o rigoroso lockdown imposto na maior cidade do país para conter o aumento de casos de Covid-19. O casal saiu de casa em fevereiro para realização de um tratamento médico e só conseguiu voltar para Kunshan no fim de abril.

Durante o período sozinho, o jovem não deixou de estudar e continuou participando das aulas online. Ele também cuidou dos animais de estimação da família. Durante um tempo, os pais conseguiram mandar refeições para o filho em um serviço de entrega de comida. Mas o lockdown também chegou a Kunshan e o fornecimento foi interrompido.

Com isso, a mãe passou a ensinar, à distância, o filho a cozinhar alguns pratos simples. Vizinhos também ajudaram o garoto. Ao jornal local Beijing Youth Daily, os pais contaram que conseguiram voltar para a casa depois de fazerem uma quarentena preventiva de mais de uma semana.

Ao voltarem para o local, os pais constataram que, tanto o menino, quanto os animais haviam engordado. A casa também estava bastante suja e bagunçada. “Não havia lugar para nem mesmo colocarmos os pés no chão”, contou a mãe identificada apenas como Zhu.

“Meu filho geralmente é muito preguiçoso, e acredito que muitos de seus colegas se saem melhor do que ele em termos de independência. Mas devo elogiá-lo, porque administrou bem a situação nos últimos dois meses. Ele nunca reclamou. Em vez disso, muitas vezes nos confortava”, completou ainda.

Lockdown em Xangai

Xangai, considerada a maior cidade da China, está sob um bloqueio quase total desde o início de abril, o que atingiu suas cadeias de suprimentos. As primeiras mortes na região foram relatadas em 18 de abril, no entanto, diversos locais estão registrando diariamente novos casos de Covid-19, o que tem preocupado o país. A China é a segunda maior economia do mundo e luta há dois anos com bloqueios severos para tentar atingir a “Covid zero”. 

No dia 20 de abril, uma flexibilização foi comunicada pela cidade, que autorizou a volta dos cidadãos às ruas. A nova regra permite que mais de 12 milhões de pessoas – cerca da metade dos habitantes – voltem a circular somente por seus bairros. Foram registrados na China mais 19.927 novos casos da doença, sendo Xangai responsável por 95% do montante.