Favoritos derrapam, mas início do Brasileiro em anos anteriores não foi diferente

É um circulo vicioso: todos os anos surge uma suposta hegemonia no futebol brasileiro, mas o calendário é inimigo dessas hegemonias. O resultado não costuma ser diferente temporada após temporada. Ainda que o grande debate de momento seja a arrancada aquém das expectativas de Atlético Mineiro, Flamengo e Palmeiras, no senso comum os grandes favoritos deste Brasileirão, o passado ajuda a entender o que pode ser do futuro: por enquanto, nada de anormal na Série A.

A liderança do Brasileirão nesta segunda-feira (9) é do Corinthians. O Timão, comandado pelo português Vitor Pereira, por sinal, talvez seja o único a corresponder com as expectativas, ao menos nos resultados. O primeiro lugar, é claro, deve ser celebrado e, ao mesmo tempo, analisado com cautela.

Nas últimas 10 edições do Brasileirão, apenas uma vez o clube que liderava o campeonato na quinta rodada conseguiu ser o mesmo a ficar com o troféu ao final da disputa. Os corintianos mais supersticiosos podem ficar animados com a informação, porque tal equipe foi o próprio Corinthians, em 2017. Acontece que o Timão é a exceção em um padrão do qual já deveríamos estar um pouco mais habituados. O quadro abaixo ajuda a ilustrar.

O início do Campeonato Brasileiro sempre coincide com uma das épocas mais apertadas do calendário nacional, logo após o encerramento dos estaduais e já em meio a fase de grupos da Copa Libertadores, além da disputa da Copa do Brasil. A atenção dividida em várias competições, e a cada vez mais comum rodagem do elenco aplicada, especialmente, pelos treinadores estrangeiros, resultam, invariavelmente, em um desempenho inconstante nas primeiras rodadas da Série A.

Em um torneio de pontos corridos, pela lógica básica, todo jogo tem o mesmo valor. Existe até uma popular teoria de Pep Guardiola, especialista em campeonatos nacionais, com nove títulos entre Espanha, Alemanha e Inglaterra, sobre uma “fórmula” para o sucesso. Segundo Pep, o título nesses campeonatos “se ganha nas oito últimas rodadas e se perde nas oito primeiras“. E é por isso que a atenção deveria estar não nas primeiras colunas da tabela anterior, mas na última.

À exceção novamente do Corinthians (2015) e do Flamengo de Jorge Jesus (2019), todos os campeões ocupavam ao final da 5ª rodada um lugar na metade de cima da tabela. O Flamengo de JJ é mais surpreendente, porque rapidamente se recuperou daquele início ruim há três anos, e no tal 8º jogo da teoria de Guardiola já ocupava o G-6. O time havia perdido dois dos cinco primeiros jogos, e depois perdeu apenas dois nos 33 seguintes.

Neste Campeonato Brasileiro de 2022, na análise sobre os supostos favoritos, apenas o Atlético Mineiro está neste momento na metade de cima da tabela. O Galo tem quatro pontos de distância para o Corinthians. Flamengo e Palmeiras estão na parte de baixo da tabela e teriam de se voltar novamente à exceções para a regra, mas a verdade é que a distância para o próprio Atlético é pequena, dois e três pontos, respectivamente.

Na arrancada da Série A, o que mais deveria chamar a atenção e preocupar clubes e torcedores nem é propriamente as posições e pontuações de momento, mas o questionamento: há margem para evolução? O que será daqui para frente? Ainda há três rodadas pela frente para se salvar o campeonato, ao menos na receita de Guardiola.

Fonte: Ogol