Um buraco negro localizado a 236 milhões de anos-luz da Via Láctea parece ter invertido seu campo magnético. E, pela primeira vez na história das observações astronômicas, a explosão causada por esse fenômeno pode ter sido captada por especialistas.
A história começa em outubro de 2018, quando uma galáxia conhecida como 1ES 1927+654 cessou brevemente as emissões de raios-X, retomando novamente depois de alguns meses, de forma mais intensa.
“Este evento marca a primeira vez que vemos raios-X saindo completamente enquanto os outros comprimentos de onda se iluminam”, disse Sibasish Laha, pesquisador da Universidade de Maryland, nos EUA, e do Centro de Voo Espacial Goddard, da NASA, em um comunicado emitido pela agência na semana passada.
De acordo com Laha, autor do estudo (que foi aceito para publicação no The Astrophysical Journal e está disponível no serviço de pré-impressão arXiv.org), se confirmado, o evento pode ajudar os astrofísicos a entender seus efeitos no ambiente do buraco negro.
Assim como na Via Láctea, o coração da maioria das grandes galáxias tem um buraco negro supermassivo que suga matéria em direção ao seu centro. A matéria primeiro é coletada pelo disco de acreção em torno do buraco negro, aquecendo posteriormente e emitindo luz – em comprimentos de onda visíveis, ultravioleta (UV) e raios-X – à medida que é empurrada para dentro. Com isso, é formada uma nuvem de partículas extremamente quentes, que os cientistas chamam de coroa.
Segundo o novo estudo, alterações na coroa fizeram com que os raios-X expelidos do coração da galáxia 1ES 1927+654 desaparecessem temporariamente, o que sugere a inversão magnética. Isso fez com que o polo norte do buraco negro se tornasse o polo sul, e vice-versa.
Com o “flip” causado no momento da inversão dos polos, a luz visível e UV tendem a se intensificar devido ao superaquecimento, à medida que a coroa começa a diminuir e o disco de acreção fica mais compacto no centro. Conforme a virada evolui, o campo enfraquece tanto que a coroa não pode mais ser suportada, interrompendo as emissões de raios-X, segundo os pesquisadores.
Dois telescópios espaciais rastrearam as mudanças nas emissões de raios-X e luz ultravioleta, incluindo o Observatório Neil Gehrels Swift, da NASA, e o satélite XMM-Newton, da Agência Espacial Europeia (ESA). Somadas a isso, observações de luz visível e rádio foram realizadas a partir de vários telescópios terrestres posicionados na Itália, nas Ilhas Canárias (Espanha) e Novo México (EUA).
Fonte: Olhar Digital
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