O ritmo com o qual a Tesla expandiu sua produção de carros elétricos nos últimos anos surpreendeu o CEO da Volkswagen, Herbert Diess. Em entrevista ao jornal Financial Times, na última segunda-feira (9), o executivo reconheceu que será difícil para a marca de Wolfsburg alcançar a montadora americana, no que ele chamou de “confronto acirrado”.

“Não esperávamos que nosso principal concorrente nos Estados Unidos fosse tão rápido”, disse Diess, em entrevista durante a videoconferência Future of the Car. “[O confronto] Vai ser apertado, mas não vamos desistir. Ainda vejo uma chance de sermos os primeiros em 2025. Pelo menos, o segundo.”

Atualmente, a Tesla é a maior montadora de carros elétricos no mundo, com valor de mercado calculado em US$ 900 bilhões (em torno de R$ 4,6 trilhões). No ano passado, enquanto a Volkswagen entregou 452.900 elétricos, a Tesla liberou 936 mil carros a bateria — portanto, mais do que o dobro da montadora alemã. No ranking de carros em geral, a Toyota é a líder em vendas de carros no mundo e nos EUA.

Até então, a relação entre Elon Musk, o CEO da montadora americana, e Diess é amigável. Dois anos atrás, o diretor executivo da Tesla chegou a testar um dos carros elétricos da Volkswagen, o ID.3, na Alemanha. Além disso, em outubro, Musk também participou recentemente de uma teleconferência de executivos da Volks, a convite de Diess, para falar sobre transição elétrica.

Recentemente, a Tesla expandiu sua produção ao construir gigafábricas no Texas (EUA) e em Berlim (Alemanha). Neste sentido, uma das dúvidas de Diess é como Musk foi capaz de gerenciar tal crescimento em meio a um contexto global desfavorável, marcado pela crise de semicondutores e guerra entre Rússia e Ucrânia. Sobre o problema dos chips, o executivo da Volkswagen espera uma melhora de condições nos próximos meses.“Mesmo nessas circunstâncias difíceis, 2022 ainda pode ser um bom ano para nós na indústria automobilística”, afirmou.

Demanda de carros elétricos é maior do que previsto, diz Diess

Apesar dos planos para desbancar a Tesla, a Volkswagen planeja que, até 2030, somente 50% a 60% de suas vendas sejam oriundas de carros 100% elétricos — uma meta modesta se forem considerados as projeções da Volvo, por exemplo.

Segundo Diess, no entanto, a demanda por modelos a bateria vem aumentando mais rapidamente do que o previsto. Na China, por exemplo, a empresa poderia ter quadriplucado suas vendas caso pudesse fabricar carros de forma mais rápida. “Nossos carros elétricos esgotaram porque a demanda é maior do que esperávamos”, admite o executivo.

Na mesma conferência, Diess também falou sobre a necessidade de um acordo rápido para o conflito entre Rússia e Ucrânia. “Acho que devemos fazer o máximo para realmente parar esta guerra e voltar às negociações para tentar abrir o mundo novamente”, disse o executivo. “Não devemos desistir dos mercados abertos e do livre comércio.”

Crédito da imagem principal: Markus Wissmann/Shutterstock

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