Para Luca de Meo, CEO da Renault, a mudança muito rápida do mercado automotivo para veículos elétricos pode ser prejudicial, inclusive para o meio ambiente. O executivo italiano também aponta que esse movimento traz um impacto negativo financeiro e na sociedade.
Suas impressões foram compartilhadas durante a cúpula Future of the Car, do Financial Times. O chefe da Renault explicou que mudar muito rápido para a mobilidade pessoal totalmente elétrica provavelmente não é “a resposta” para salvar o planeta.
“A primeira coisa que quero dizer é que a Renault está obviamente muito comprometida com os veículos elétricos”, disse de Meo. “Começamos muito cedo aqui e continuamos acreditando que a eletricidade, e talvez o hidrogênio, possam ser uma boa solução para algumas aplicações”.
“Mas se você olhar para os dados, é evidente que as vendas de motores de combustão – incluindo híbridos – ainda não atingiram seu pico. Existem desafios, em todas as perspectivas sociais, financeiras e ecológicas, que devem ser considerados”, observa o chefe da Renault.
Para de Meo, impor exigências rigorosas para promover a eletrificação pode prejudicar o meio ambiente, pois cortaria o investimento em cima da tecnologia atual de motores de combustão para ser a mais limpa possível. “E depois, há a acessibilidade financeira dos veículos elétricos. Vemos paridade de preços por volta de 2025. Mas agora, isso pode ter mudado por causa da inflação das matérias-primas”, explica.
Chefe da Renault não está sozinho
As colocações do CEO da Renault seguem uma sintonia com o que o CEO do Grupo Volkswagen disse sobre ser muito cedo para a indústria passar inteiramente para a energia elétrica. Herbert Diess fez um discurso durante a mesma cúpula Future of the Car, onde disse que a demanda do cliente provavelmente existe, mas a infraestrutura que suporta a fabricação e operação de veículos elétricos ainda não está pronta.
Isso sem contar que outro executivo importante foi nessa linha recentemente. Durante uma mesa redonda no Salão do Automóvel de Nova York deste ano, Oliver Zipse, CEO da BMW, deixou claro que os motores a combustão interna (ICE) permanecem vivos, e que as empresas devem ter cuidado para não se tornarem 100% dependentes do mercado de carros elétricos.
Fonte: Olhar Digital
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