Na contramão das montadoras automotivas, que vêm demitindo em massa, a Embraer anunciou nesta quinta-feira (12) a abertura de mil vagas de trabalho. Os postos são para profissionais atuarem nos setores de operação, engenharia, administração e recursos humanos, entre outras áreas. As inscrições podem ser feitas no site da companhia.

As vagas são ofertadas para as unidades da Embraer em São José dos Campos, Gavião Peixoto, Campinas, Botucatu — as quatro cidades no estado de São Paulo — e na capital paulista. É possível também se candidatar para postos em regime remoto, focados na comunicação empresarial e nas áreas de design e tecnologia de informação. Atualmente, o grupo Embraer conta com 18 mil trabalhadores.

“Estas contratações materializam o plano estratégico que inclui a retomada do crescimento da aviação e todo o investimento em tecnologia, inovação e novos negócios da Embraer”, explicou o vice-presidente de pessoas, ESG e comunicação, Carlos Alberto Griner, em comunicado.

A Embraer abriu as vagas pensando na retomada da produção de aeronaves, além do crescimento na área de serviços e suportes e desenvolvimento de produtos. Segundo estimativas da companhia, o volume de entrega de aeronaves para 2022 deve aumentar de 15% a 25% em comparação ao ano passado. O movimento deve seguir em crescimento nos próximos anos, segundo estudos da Associação Internacional do Transporte Aéreo (Iata, na sigla em inglês).

Avião da Embraer utilizado na operadora italiana Air Dolomiti
Avião da Embraer utilizado na operadora italiana Air Dolomiti (Markus Wunderlich/Shutterstock)

Cenário instável na indústria automotiva

Se o prognóstico na indústria da aviação é positivo, as perspectivas do setor automotivo para 2022 são bem turvas. Recentemente, a Caoa Chery, após paralisar suas atividades em Jacareí, interior de São Paulo, planejava demitir quase 500 funcionários. A justificativa oficial é de focar a produção em carros eletrificados, mas há também o fator do corte de gastos na equação, segundo o sócio da consultoria Bright Consulting e ex-diretor de Renault e Hyundai, Cássio Pagliarini.

“Devido a incentivos fiscais, é mais barato produzir em Anápolis [estado de Goiás] do que em Jacareí. Além disso, é mais vantajoso concentrar a produção em um só local para cortar gastos. Custa muito dinheiro manter tamanha capacidade ociosa em São Paulo, não compensa, não tem como sobreviver”, disse o especialista, em entrevista ao UOL.

O fracasso da medida do governo federal em reduzir o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e a alta do dólar também contribuem para um cenário pouco favorável à indústria automotiva, na visão de Pagliarini. Segundo o especialista, o ano de 2022 corre o risco de ser o pior ano em volume de vendas desde o início da pandemia. Além disso, com a alta de commodities, os custos de produção também acabam subindo e, com isso, a oferta de novas vagas, ao contrário do que a Embraer ofereceu nesta semana, é improvável.

“O cenário é ruim. Estávamos em uma crise, não saímos da crise na indústria automobilística e veio mais uma pancada. O ano de 2020 foi inferior a 2019, 2021 não cresceu e 2022 não vai crescer novamente”, resumiu Pagliarini, em recente entrevista ao Olhar Digital.

Crédito da imagem principal: Embraer/Divulgação

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