Com o objetivo de tornar os satélites mais reativos, ágeis e autônomos, a Agência Espacial Europeia (ESA) lançou a campanha “Computação em Nuvem Cognitiva no Espaço”, um programa de financiamento de projetos para explorar o potencial de aplicação dos mais recentes desenvolvimentos em Inteligência Artificial (IA) e paradigmas avançados de computação.
Segundo um comunicado da ESA, isso poderia gerar novas aplicações práticas para o estudo da vida na Terra e a exploração de outros planetas.
Em setembro de 2020, a agência lançou o primeiro satélite de observação da Terra artificialmente inteligente. Chamado ɸ-sat (pronuncia-se phi-sat), o satélite carregava um chip acelerador de IA que descarta automaticamente imagens nubladas e seleciona apenas dados úteis.
Então, em abril de 2021, por meio do ESA Discovery, a entidade convidou comunidades empresariais e acadêmicas a propor ideias inovadoras para voar a bordo da missão OPS-SAT, um CubeSat que tem como objetivo demonstrar as melhorias nas capacidades de controle de missão que surgirão quando os satélites puderem voar em computadores de bordo mais potentes.
O último passo veio em outubro, quando um chamamento público da agência solicitou ideias sobre como tornar os sistemas espaciais mais poderosos usando novas técnicas de computação e IA. As 12 ideias mais interessantes foram agora selecionadas para financiamento.
“Recebemos um conjunto realmente interessante de ideias, abordando uma variedade de domínios espaciais, mostrando que há grande interesse dos stakeholders europeus na computação cognitiva no espaço”, disse Gabriele Meoni, pesquisador da ESA Φ-lab com foco em IA.
A aplicação de técnicas modernas de computação – como por exemplo, o processamento de dados diretamente a bordo de satélites – poderia revolucionar as atividades espaciais e a economia espacial na próxima década. E tornar os satélites mais inteligentes oferece benefícios significativos para futuras missões espaciais e modelos de negócios.
“Nós intencionalmente fizemos o escopo da campanha muito amplo para explorar todo o potencial desse novo paradigma da computação”, explicou Meoni.
De olho no futuro, ESA investe em Inteligência Artificial para criar novos mercados espaciais
De acordo com Leopold Summerer, chefe do Escritório de Estudos e Conceitos Avançados da ESA, o apelo por ideias foi impulsionado pela visão da agenda 2025 da agência, que exige que a Europa intensifique seu papel no espaço, apoie a comercialização e ajude a criar novos mercados espaciais.
“Achamos que a computação cognitiva no espaço oferece um potencial comercial substancial para os primeiros motores, e tínhamos planejado financiar até dez equipes para desenvolver suas ideias com mais detalhes”, continua Leopold. “No entanto, a indústria europeia e a academia propuseram tantas boas ideias que decidimos aumentar para 12 o número de projetos financiados. Esperamos que isso ajude a Europa a dar um passo adiante para se beneficiar totalmente do campo ainda emergente da computação cognitiva no espaço.”
Segundo Meoni, as ideias selecionadas envolvem novas tecnologias desenvolvidas fora do setor espacial – incluindo blockchain, computação de borda e computação neuromórfica (inspirada no funcionamento do cérebro humano). “As ideias abordam aplicações incríveis em todo o domínio espacial, incluindo detecção precoce de gás metano e desastres naturais, rovers autônomos na Lua, vigilância espacial e rastreamento – tudo porque as informações poderiam ser processadas de forma mais eficiente”.
Cada um dos 12 projetos selecionados funcionará por seis meses, com um orçamento de 100 mil euros (aproximadamente R$533 mil). Todos são financiados usando o esquema ESA Initial Support for Innovation (EISI), que se concentra no conhecimento e desenvolvimento de habilidades em vez de alcançar resultados específicos.
“Qual é o potencial de novas técnicas de computação no espaço? Quais são as novas aplicações, ou nova ciência a ser realizada? Qual seria o valor do negócio deles? Esses estudos ajudarão a ESA a explorar ainda mais como a computação cognitiva pode remodelar o futuro das missões espaciais”, conclui Meoni.
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Fonte: Olhar Digital
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