No próximo domingo (15), o rover chinês Zhurong completa um ano em Marte, onde vem usando seus instrumentos científicos para investigar o solo do planeta, especialmente os arredores e o interior de uma cratera de impacto conhecida como Utopia Planitia.
E foi nessa região que ele fez uma descoberta que muda tudo o que os pesquisadores imaginavam sobre a existência de água no Planeta Vermelho.
Um artigo publicado na quarta-feira (11) na revista Science Advances descreve o estudo feito por pesquisadores da Academia Chinesa de Ciências, com a participação de um cientista da Universidade de Copenhague, que é resultado de análises feitas com base nos dados capturados pelo rover.
Esse estudo aponta evidências de que a água estava presente em Marte mais recentemente do que se pensava.
Pesquisas anteriores sugerem que partes da superfície marciana estavam cobertas de água até aproximadamente 3 bilhões de anos atrás. O tempo desde que a água secou em Marte, tornando o planeta esse deserto árido e gelado que é hoje, é conhecido como o período amazônico.
“O mais significativo e inovador é que encontramos minerais hidratados no local de desembarque [do rover] que fica no jovem terreno amazônico, e esses minerais hidratados são indicadores para as atividades aquáticas, como água subterrânea”, disse o principal autor do estudo, Yang Liu, pesquisador do Laboratório Key do Clima Espacial da Academia Chinesa de Ciências e do Centro de Excelência em Planetologia Comparativa.
Rochas analisadas pelo rover chinês Zhurong dão indícios de atividade úmida mais recente em Marte
Zhurong já completou sua missão inicial de 90 sóis (dias marcianos), mas continua seu caminho para o sul de seu local de pouso, coletando dados conforme se desloca. Ele usa seus dois espectrômetros para analisar rochas, que fotografa com sua câmera de microimagem e as “explode” com um laser, criando uma “fumaça” que também é analisada.
Os pesquisadores compararam as assinaturas encontradas nas rochas de Marte pelo rover com rochas na Terra, descobrindo que algumas são minerais hidratados, e não secos. Eles também encontraram casos de camadas de duricrust, uma formação geológica que teria exigido uma grande quantidade de água emergindo da superfície ou oriunda de uma grande quantidade de gelo derretido.
Ainda que não se tenha chegado à conclusão de por quanto tempo mais a água resistiu no planeta, diante dessas informações os cientistas têm a certeza de que o período amazônico chegou muito depois do que se acreditava até agora.
Isso também reforça a ideia de que Marte passou por ciclos intercalados de umidade/calor e aridez/frio, em vez de uma mudança climática duradoura e drástica. “Esses fluxos e refluxos climáticos podem ter sido o resultado de vulcões ativos ou impactos de outros objetos celestes”, disse Yang.
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Fonte: Olhar Digital
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