Um artigo publicado nesta segunda-feira (16) na revista científica Biosensors and Bioelectronics descreve um estudo conduzido por pesquisadores dos EUA e da Coreia do Sul que propõe uma chupeta bioeletrônica inteligente. 

Muito mais do que um recurso para acalmar os bebês, o acessório poderia substituir as coletas sanguíneas invasivas, realizadas normalmente duas vezes por dia, para monitorar os eletrólitos dos bebês em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) Neonatais.

Chupeta inteligente poderia substituir exames invasivos feitos em bebês internados na UTI. Imagem: Yobro10 – Istockphoto

Segundo os idealizadores do projeto, a chupeta bioeletrônica inteligente também pode fornecer um monitoramento mais contínuo dos níveis de íons de sódio e potássio, eletrólitos que servem de alerta para os cuidadores quanto à desidratação, uma grande ameaça para os bebês, especialmente aqueles nascidos prematuramente e/ou com problemas de saúde.

A chupeta inteligente foi testada em bebês selecionados em um hospital, e os resultados foram comparáveis aos dados obtidos com seus exames de sangue normais. 

“Sabemos que bebês prematuros têm mais chances de sobrevivência se receberem uma alta qualidade de atendimento no primeiro mês de nascimento”, disse Jong-Hoon Kim, professor associado da Escola de Engenharia e Ciência da Computação da Universidade Estadual de Washington (WSU) e coautor do estudo. “Normalmente, em um ambiente hospitalar, eles tiram sangue do bebê duas vezes ao dia, então eles só recebem dois pontos de dados. Esse dispositivo é uma maneira não invasiva de fornecer monitoramento em tempo real da concentração de eletrólitos dos bebês”.

Chupeta inteligente dotada de sensores é capaz de coletar dados da saliva dos bebês de forma simples e sem nenhum sistema de bombeamento. Imagem: Hyo-Ryoung Lim, Soon Min Lee, Sehyun Park, Chanyeong Choi, Hojoong Kim, Jihoon Kim, Musa Mahmood, Yongkuk Lee, Jong-Hoon Kim, Woon-Hong Yeo

Potencialmente doloroso para os recém-nascidos, o método de coleta de sangue deixa grandes lacunas na informação, uma vez que geralmente são feitas uma vez pela manhã e uma vez à noite. Segundo Kim, outros métodos já foram desenvolvidos anteriormente para testar a saliva de um bebê para esses eletrólitos, mas envolvem dispositivos volumosos e rígidos que requerem uma coleta distinta de amostras.

Usando uma chupeta comum e comercialmente disponível, os pesquisadores criaram um sistema que analisa a saliva de um bebê por meio de canais microfluidicos. Sempre que o bebê está com a chupeta na boca, a saliva é naturalmente atraída por esses canais, de modo que o dispositivo não requer nenhum tipo de sistema de bombeamento.

Dotados de pequenos sensores, os canais podem medir as concentrações de íons de sódio e potássio na saliva. Em seguida, esses dados são transmitidos sem fio, via Bluetooth, para o cuidador.

Para o próximo passo de desenvolvimento, a equipe de pesquisa planeja tornar os componentes mais acessíveis e recicláveis. Para isso, eles vão trabalhar no desenvolvimento de um teste mais abrangente da chupeta inteligente para estabelecer sua eficácia.

“Muitas vezes, você vê imagens da UTI neonatal em que os bebês estão ligados a um monte de fios para verificar suas condições de saúde, como a frequência cardíaca, a frequência respiratória, a temperatura corporal e a pressão arterial”, disse Kim. “Queremos livrá-los desses fios”.

Além de Kim e seus colegas da WSU, o estudo tem como coautores pesquisadores do Instituto de Tecnologia da Geórgia (EUA), da Universidade Nacional de Pukyong e da Faculdade de Medicina da Universidade de Yonsei, na Coreia do Sul.