Demorou muito mais do que qualquer um poderia imaginar, mas, enfim, o Cruzeiro chegou no topo da Série B. A Raposa, rebaixada em 2019, sofreu com péssimas campanhas que a afastaram da briga pelo acesso em 2020 e 2021. Nesta temporada, no terceiro ano na segunda divisão, o clube alcançou o que dele era esperado desde o primeiro dia longe da elite. E agora?
A sétima rodada da Série B ainda não está encerrada, com um jogo a ser disputado entre Ituano e Grêmio, mas independente do resultado a liderança celeste está assegurada – pelo menos por hora. Depois de enfrentar duas temporadas mais modestas na segunda divisão, o Cruzeiro conseguiu crescer no ano em que o nível de competitividade, ao que tudo indica, cresceu. Basta olhar para o G-4 da segunda divisão.
Neste momento, apenas campeões brasileiros ocupam os lugares que dão acesso para a Série A em 2023. O líder Cruzeiro é seguido por Sport, Bahia e Vasco. Na porta de entrada para o G-4 está justamente o Grêmio, que joga nesta segunda-feira e pode tirar de lá o Cruzmaltino, conforme os critérios de desempate.
O tradicional quinteto tem obrigação histórica de brigar até o fim pelo acesso, mas isso não é o que o histórico recente do próprio Cruzeiro e do Vasco indicaria. Ambos sofreram no passado recente com campanhas aquém das expectativas, o que faz desse início da Série B, contraditoriamente, surpreendente.
Para o Cruzeiro, o desafio de momento é, mais do que a manutenção da liderança, mas a de um lugar no G-4. O novo projeto do clube, liderado por Ronaldo Fenômeno desde a criação da SAF, tem como alicerce e grande objetivo o retorno para a Série A. Não é só uma questão esportiva que a torcida tanto anseia, mas também uma forma de gerar sustentabilidade ao clube, que vem tentando suprimir uma grave crise financeira.
Liderança na sétima rodada: o que representa?
Para o Cruzeiro, finalizar uma rodada pela primeira vez na liderança representa muito mais do que a posição em si. O lugar na tabela tem um valor simbólico de algo que parecia inalcançável nos últimos anos. É claro que ocupar desde logo as cabeças na disputa é importante, principalmente para quem precisou de 645 dias para chegar lá, contando desde a estreia na segunda divisão em 8 de agosto de 2020.
Nos últimos 10 anos, grande parte dos clubes que lideravam a Série B numa sétima rodada como Cruzeiro conseguiram concretizar o objetivo final: subir para a primeira divisão. Foi assim em 2020 com o Cuiabá, que terminou em 4º; com o Bragantino, campeão em 2019; Fortaleza, campeão em 2018; Vasco, que subiu em 3º em 2016; Botafogo, campeão em 2015; Joinville, campeão em 2014; e Chapecoence e Criciúma, vice-campões em 2013 e 2012, respectivamente.
Apenas duas vezes nas últimas 10 temporadas da Série B, clubes que lideravam a segunda divisão numa sétima rodada não conseguiram subir – e nem é preciso voltar tão longe para isso. O Náutico, de 2021, é dos casos mais emblemáticos porque liderou a Série B até a 16ª rodada, mas saiu do G-4 antes do fim do primeiro turno e nunca mais voltou. Outros clubes que acabaram por decepcionar foram o Juventude, em 2017, que manteve a liderança até a nona rodada e terminou a Série B em 9º.
A verdade é que, hoje, independente do que os históricos passados apresentem, o Cruzeiro de Paulo Pezzolano não pode se dar o luxo olhar para trás ou de já começar a pensar no futuro. O compromisso da Raposa é com o agora, com o jogo da próxima rodada contra o Sampaio Corrêa e assim em diante. A festa só será permitida em Belo Horizonte quando o retorno esperado à elite for confirmado depois de dois anos de fracassos.
Fonte: Ogol
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