Uma pesquisa publicada pela revista Science Translational Medicine aponta que o uso de medicamentos anti-inflamatórios, como dexametasona e diclofenaco, podem causar um efeito reverso e agravar a dor nas costas, motivo para o qual normalmente são utilizados.  

Durante o estudo foram avaliadas 98 pessoas com dor lombar e na face, análises de dados de um banco de dados de pacientes dos Reino Unido, além de experimentos com camundongos. Foi possível notar que pessoas que tomaram remédios anti-inflamatórios não esteroides tiveram um risco maior de ter dor persistente e crônica.  

Os pesquisadores afirmam que o organismo precisa da inflamação para evitar que a dor aguda e de curto prazo se transforme em dor crônica, porém, os anti-inflamatórios impedem essa reação natural ao mesmo tempo que aliviam os sintomas temporariamente.  

Não é possível saber o motivo pelo qual algumas pessoas desenvolvem a dor crônica e outras não. Por isso, eles acompanharam algumas pessoas durante três meses e notaram que as pessoas que não adquiriram um quadro crônico tiveram um pico na atividade de genes inflamatórios durante seus estágios de dor aguda.  

Enquanto no grupo de pessoas com dor crônica, o sistema imunológico permaneceu sem modificações. O mesmo aconteceu com pessoas com disfunção temporomandibular, que pode causar dor de longa duração na face e mandíbula. 

Para comprovar a descoberta, os pesquisadores trataram camundongos com analgésicos ou um anticorpo, aqueles que receberam o anti-inflamatório dexametasona ou diclofenaco tiveram alívio inicial de dor, mas passaram por um incômodo a longo prazo em seguida.  

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Remédios anti-inflamatórios podem piorar a dor nas costas, diz estudo. Imagem: Pill (iStock)

Os animais tratados com células imunes não apresentaram esse efeito a longo prazo, assim como os camundongos que receberam analgésicos que não são anti-inflamatórios, como a lidocaína.  

O estudo também descobriu que pessoas que tomam anti-inflamatórios não esteroides tiveram um risco 1,76 vezes maior de dor crônica do que quem tomava paracetamol e outros medicamentos que aliviam a dor. 

O autor sênior da pesquisa, Massimo Allegri, afirmou que espera que a pesquisa faça as pessoas reconsiderarem os tratamentos para prevenção. “Anti-inflamatórios não esteroides e esteroides devem ser reconsiderados no tratamento da dor aguda, pelo menos na linha do tempo do tratamento, pois na fase inicial [de alguns meses] parece realmente importante não reduzir a resposta [imune]”, explica. 

Via: Revista Galileu