Em encontro com Elon Musk, ocorrido na manhã desta sexta-feira (20), o presidente Jair Bolsonaro disse que “conta” com o bilionário para que a Amazônia “seja conhecida por todos”. Segundo com o governante, a atuação do empresário vai ajudar a combater supostas informações inverídicas sobre a região. 

Mais cedo, no Twitter, o presidente havia dito que na reunião, entre outros assuntos, foi abordado o uso da tecnologia como reforço na proteção da Amazônia e na realização do potencial econômico do Brasil. Segundo o presidente, o monitoramento que Elon Musk vai fazer da região, mostrará “a verdade” sobre as condições locais.

Depois da reunião, Bolsonaro e o ministro das Comunicações, Fábio Faria, participaram de uma entrevista coletiva. Em um dado momento, o presidente disse que a região é “cobiçada, e não é de hoje, por outros países”, e que o governo tem uma grande preocupação com isso. 

“Ao se levar a verdade, nós vamos mostrar que a Amazônia é preservada. Lógico, existem os nichos de exploração, queimada, desmatamento irregular, mas isso, a participação dele com seu satélite vai ajudar a preservar. Mas, também, a desenvolver [a região], porque é uma área riquíssima em biodiversidade e também em riquezas minerais”, declarou o governante.

Dados oficiais desmentem fala de Bolsonaro sobre a preservação da Amazônia

As palavras do mandatário contrariam dados estatísticos oficiais do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que apontam para o aumento recorde de queimadas e áreas desmatadas na floresta amazônica durante o atual governo, e de outras instituições nacionais e internacionais, que reforçam as informações.

Segundo o Inpe, os 13.235 km² de floresta amazônica desmatada entre 1º agosto de 2020 e 31 de julho de 2021 equivalem a nove vezes o tamanho da cidade de São Paulo. Isso representa um aumento de 75% sobre os dados de 2018, um ano antes de Bolsonaro assumir a presidência da República.

E o recorde vem sendo batido ano após ano. Em 2019, foram 10,1 mil km² de área desmatada, com 10,8 mil km² no ano seguinte. A menor taxa de desmatamento nos últimos dez anos foi registrada em 2012 (4,5 mil km²).

Além disso, o governo é acusado de negligência. Uma rede colaborativa formada por organizações não-governamentais (ONGs), universidades e startups de tecnologia desenvolveu uma plataforma de monitoramento da cobertura e do uso do solo brasileiro. Lançado em 2015, o chamado Projeto de Mapeamento Anual do Uso e Cobertura da Terra no Brasil (MapBiomas) aponta que o governo federal respondeu a menos de 3% dos alertas de desmatamento desde 2019, ano em que Bolsonaro tomou posse.

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