Desde que assumiu o cargo, Maria Lúcia Amaury já recebeu 76 representações por quebra de decoro parlamentar: ‘não vi nada parecido com o que está acontecendo agora’
A presidente do Conselho de Ética da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), deputada Maria Lúcia Amary (PSDB), vive uma enxurrada de recebimento de processos por causa de quebra de decoro dos colegas parlamentares. Desde que assumiu a presidência do conselho, já foram apresentadas 76 representações pelo motivo. Em entrevista exclusiva à Jovem Pan News, ela afirmou que os deputados estaduais estão ultrapassando os limites da tolerância. “O comportamento tem ultrapassado todos os limites da tolerância. É incontinência verbal, intolerância religiosa, a questão racial também foi colocada, transfobia. É uma série de situações que estão acontecendo todas ao mesmo tempo. E isso está nos deixando bastante constrangidos pela Assembleia Legislativa de São Paulo. Estou no meu quinto mandato como deputada estadual e [antes] eu não vi nada parecido com o que está acontecendo agora”, afirmou.
A última onda de denúncias envolve os deputados Wellington Moura (Republicanos) e Gilmaci Santos (Republicanos). Na última semana, durante um bate-boca no plenário da Alesp, Moura disse que colocaria um cabresto na boca da deputada Mônica Seixas (Psol). No dia anterior ao caso, foi Santos que chamou a parlamentar de louca. Seixas ainda alega que Gilmaci Santos a agrediu e colocou o dedo em seu nariz. A deputada do Psol entrou com um pedido de cassação dos companheiros da Alesp no Conselho de Ética da Casa. Maria Lúcia Amary condenou os episódios envolvendo os deputados do Republicanos e Mônica Seixas: “São casos extremamente graves. Nós temos que ter um limite de tolerância, mas foi ultrapassado há muito, não só como deputada estadual e nem como presidente só do Conselho, como mulher. Não pode acontecer essa falta de respeito dentro do Legislativo”, declarou.
Segundo a presidente do Conselho de Ética da Alesp, se todas as seções plenárias ocorrerem normalmente nesta semana até a próxima sexta-feira, 27, o Conselho vai marcar uma sessão para a próxima semana na qual os deputados acusados terão o direito a defesa e, em seguida, haverá votação para adimissibilidade das denúncias. Maria Lúcia ainda cobrou que os parlamentares deixem o corporativismo e ideologias de lado na hora de votar as penas. “Ficam sem resposta para a sociedade se não houver a penalização. Da minha parte, eu sempre tenho votado pela penalidade maior, por entender que temos que dar um basta. Eu dependo de um colegiado de deputados em caso de suspensão de mandato ou cassação. Então sempre peço para os pares, eles tem que vir. Se ele quiser, vote não e explique para a sociedade porque votou não [pela não punição]”, comentou.
Presidente do Conselho no momento em que o ex-deputado Arthur Do Val (União) teve seu mandato cassado na Alesp, a deputada acredita que a ação poderia servir de exemplo para os demais parlamentares, mas entende que não foi isso o que aconteceu. “Essa última sessão me deixou bastante preocupada, e o presidente [da Alesp] Carlão Pignatari tem toda razão, nós temos que, realmente, tomar atituldes mais pesadas, medidas que possam sinalizar que não podemos mais permitir esse tipo de comportamento na Alesp”, disse. Maria Lúcia ainda lamentou o fato da pauta da Assembleia estar preenchida com assuntos relacionados à falta de decoro. Segundo ela, em ano eleitoral, seria importante gastar mais tempo com pautas mais relevantes para a sociedade.
*Com informações do repórter João Vitor Rocha
Fonte: Jovem Pan News
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