Depois de tantos atrasos, problemas técnicos e uma agenda atribulada, finalmente a cápsula Starliner, da Boeing, concluiu sua primeira missão orbital com sucesso. O voo de teste não tripulado para a Estação Espacial Internacional (ISS) terminou com o retorno da espaçonave à Terra, pousando de paraquedas no Novo México, exatamente conforme o planejado.
Na quinta-feira passada (19), a cápsula foi lançada no topo de um foguete Atlas V, da United Launch Alliance (ULA), a partir do Complexo de Lançamento-41, uma plataforma da Estação da Força Espacial dos EUA, em Cabo Canaveral, na Flórida, chegando ao destino pouco mais de 24 horas depois.
Então, nesta quarta-feira (25), às 19h49 (pelo horário de Brasília), cerca de quatro horas depois de desencaixar da ISS, a Crew Space Transportation 100 Starliner (CST-100) aterrissou no Campo de Teste de Mísseis White Sands (WSMR), do Exército dos EUA, encerrando com maestria o chamado OFT-2 (sigla em inglês para Teste de Voo Orbital-2).
Essa missão não tripulada foi projetada para demonstrar que a espaçonave está pronta para transportar astronautas para o laboratório orbital e trazê-los de volta à Terra. Contratada pela NASA em 2014, até agora a Boeing ainda não prestou esses serviços para a agência. Um acordo semelhante foi fechado com a SpaceX, que já lançou quatro voos operacionais tripulados para a estação com seu foguete Falcon 9 e cápsula Dragon.
NASA elogia missão inaugural da cápsula Starliner
Poucas horas depois do pouso bem-sucedido, líderes da NASA e da Boeing participaram de uma coletiva de imprensa. Steve Stich, gerente do Programa de Tripulação Comercial da agência espacial norte-americana, descreveu o pouso como uma “imagem perfeita” e afirmou que o voo de teste cumpriu todos os seus objetivos de missão.
Para a Boeing, o sucesso foi conquistado a duras penas. O primeiro OFT, lançado em dezembro de 2019, terminou prematuramente quando a cápsula sofreu falhas de software, ficando “encalhada” em uma altura de órbita baixa da Terra por aproximadamente dois dias antes de cair no oceano.
Originalmente, o OFT-2 estava previsto para ser lançado no início do segundo semestre de 2021, porém, precisou ser adiado. Durante uma revisão de prontidão de voo (FRR), foi descoberto um problema de válvula na plataforma de lançamento da Starliner, que exigiu uma investigação a fundo.
Os técnicos descobriram que a principal causa da anomalia tem relação com as interações de umidade com o oxidante, produzindo ácido nítrico, que reagiu com o alumínio das válvulas. Esse processo gerou corrosão, que impediu o funcionamento da válvula. Com a busca contínua pela solução do problema, juntamente com uma agenda de lançamentos lotada para a ISS, a missão foi suspensa até 2022.
Starliner pode transportar astronautas ainda este ano
Embora a missão OFT-2 agora seja reconhecidamente um sucesso, a Starliner experimentou alguns percalços durante a missão. Por exemplo, dois dos propulsores do módulo de serviço do Starliner falharam durante sua queima de inserção orbital, que ocorreu cerca de 30 minutos após o lançamento. Um propulsor de backup rapidamente compensou os defeitos, permitindo que o voo continuasse sem incidentes.
Até que chegou o momento do acoplamento com o laboratório orbital, que estava programado para às 20h10 (pelo horário de Brasília), e acabou acontecendo às 21h28. Pouco antes das 18h50, quando a espaçonave estava a 180 metros de distância da ISS, os controladores avaliaram os dados de rastreamento e desempenho da cápsula e acreditaram que ela estaria em uma posição inadequada, precisando fazer uma manobra de recuo. Segundo a Boeing, isso foi oportuno para demonstrar a capacidade de controle de manobra da espaçonave.
Às 20h52, depois de informarem uma nova previsão de encaixe para às 21h01, os controladores relataram “um pequeno problema” com o sistema de acoplamento, o que adiou ainda mais o processo. Segundo a NASA, foi necessário retirar o anel de acoplamento da Starliner e redefini-lo para entender o problema.
Tudo isso será minuciosamente examinado pelas equipes para que as causas dos problemas sejam eliminadas. Se essas inspeções e outras análises forem bem, a NASA vai certificar a cápsula para voos tripulados, potencialmente abrindo caminho para uma missão de teste de transporte de astronautas para a ISS em um futuro bem próximo.
“Estamos preparando nosso veículo de teste tripulado até o final do ano”, disse a chefe de voo espacial humano da NASA, Kathy Lueders.
Fonte: Olhar Digital
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